segunda-feira, 26 de abril de 2021

Sete parágrafos sobre uma mistificação deste fim-de-semana

 

1. Este foi fim-de-semana de fartar vilanagem quanto aos limites da Democracia: em letras garrafais o Expresso anunciava que só 10% dos portugueses se viam a viver numa Democracia plena mas, em letras pequenas, já eram 57% a reconhecê-lo, mesmo que com “pequenos defeitos”.

2. Definitiva, Leonete Botelho (Público) ouviu quatro “especialistas” e não fez a coisa por menos: há crise de representação, crise de Justiça e necessidade de regenerar as instituições democráticas. Esqueceu o essencial: essa «crise» tem muito a ver com a péssima imprensa ao nosso dispor.

3. Temos uma imprensa que não educa, não informa, não denuncia quem mente e quem manipula. E também um ensino em que a Educação para a Cidadania é aquilo que não deve ser: uma disciplina entre todas as outras. Porque devia ser a Disciplina com maiúscula...

4. Desinformadas e sem cultura democrática de base, as populações - não apenas as portuguesas! - deixam-se alienar e desviar do essencial: a Política é Ideologia, uma Visão de futuro. Algo coberto de denso nevoeiro por quem sabe tal evidência prejudicial aos seus negócios.

5. Os «salvadores da Pátria» querem mudar a Constituição, cujo teor tanta urticária continua a suscitar-lhes. E, no entanto, é evidente que ela não impede as tais “reformas estruturais” de que tanto falam. Mas que não sabem enunciar quais se para tal forem desafiados...

6. Pois! Querem também a reforma eleitoral, uma nova lei dos partidos? Para quê? Adivinha-se bem: facilitar a viragem à direita agora que comprovam a possibilidade das esquerdas terem longa governação mediante acordos de mínimo denominador comum.

7.Aaah! Também falam de corrupção, não é? Mas qual o regime que a não tem por muitos mecanismos de controle e de transparência, que implementem? Só que a corrupção é bem mais destemperada nos regimes prezados pelos que sobre ela levantam agitadas bandeiras. 

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