O discurso de Marcelo neste 25 de abril foi muito elogiado em todos os quadrantes.
Que bonito ver toda a gente satisfeita com um discurso do tipo “vá lá sejam todos amiguinhos, não andem para aí a digladiarem-se só porque uns querem olhar o passado à luz dos valores de hoje e os outros querem-se ficar nos que já cheiram a mofo!”.
Curiosamente o fascismo também alinhava nesta lógica com uma coisa esdrúxula chamada «corporativismo»: os interesses dos ricos e dos pobres, dos patrões e dos operários, dos latifundiários e dos assalariados agrícolas, poderiam sempre ter pontos de convergência tão só se convencessem os segundos a aceitarem as balelas profusamente difundidas pelos primeiros com a ajuda da prestimosa Igreja Católica.
Nem mesmo quando as esquerdas se põem a elogiar o discurso, Marcelo se exime de nele meter o tipo de raciocínios que o papá e o padrinho lhe ensinaram na infância e na juventude.
Se há coisa que execro é essa ideia voltaireana de todos sermos dotados de belos espíritos fadados para se encontrarem. A verdade é que não somos! Porque a sociedade está dividida em classes haverá sempre quem quererá manter o estado de coisas atual, ou regredir para outro onde possa sentir-se ainda mais beneficiado, enquanto não faltarão quantos querem transformar a realidade e orientá-la no sentido em que julguem mais concretizadas as suas expetativas.
Uns são minoritários e tentam resistir nos respetivos fortes, os outros são maioritários, mas não sabem, amiúde, como fazer dessa vantagem uma catapulta mais poderosa para derrubar as ameias inimigas.
Bem pode pregar Marcelo em favor de todos sermos amiguinhos, que a nossa condição é olharmos à parte pelos nossos respetivos negócios.
Estava a ver que ninguém criticava o discurso do Marcelo no dia 25 de Abril passado.
ResponderEliminarObrigado Jorge Rocha!
Estava a ver que ninguém criticava o discurso do Marcelo no dia 25 de Abril passado.
ResponderEliminarCaso para dizer, cantas bem Marcelo, mas não me dás alegria.
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