Apesar de sermos obrigados a tolerá-lo, se não mesmo a sofrer-lhe as consequências, o programa da troika presidida pela Comissão Europeia merece uma veemente rejeição por parte dos portugueses. Porque, até ver, nunca a sua vontade de eleitores coincidiu com a cartilha neoliberal, que está subjacente a todas as medidas preconizadas.
Não admira assim, que José Sócrates tenha sido obrigado a enveredar pela solicitação do apoio financeiro em causa, enquanto a Oposição de direita não podia mostrar maior regozijo com esse súbito factor de inversão da ordem política criada com a Revolução de Abril.
Embora o capitalismo não esteja a apresentar melhores soluções do que as existentes anteriormente com o comunismo, os técnicos do FMI, do BCE e da Comissão Europeia vêem em toda a participação estatal na economia uma ingerência inaceitável e ordenam respeitar a regra do mercado absoluto e incontestado.
Por isso mesmo, se eles dizem mata, os ultra-liberais comandados por um imaturo Passos Coelho logo propõem ir naus além, acertando contas revanchistas com quem constituiu uma perigosa ameaça aos interesses de quem ele se propõe representar: a alta burguesia...
Que importa se algumas das actividades estatais têm um valor estratégico para a população no seu todo como o é a gestão dos recursos hídricos? Como contém potencialidades de lucro para os oligarcas, que deles se apoderarem, dá-se como desejável a marginalização do Estado, que deverá ser reduzido à mínima expressão.
E o mesmo com a actividade bancária: não é a CGD um negócio demasiado apetitoso para os particulares para persistir no domínio público? Privatize-se-a então, mesmo que fiquem potencialmente em risco a capacidade reguladora do Estado, essencial numa época de crise financeira como ainda é realidade.
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