A frase é do filósofo Stuart Mill e encontro-a ao acaso numa leitura de jornais: ninguém pode ser um grande pensador se como pensador não reconhecer que o seu dever é seguir os ditames da sua inteligência. Sejam quais forem as consequências que a mesma o possa conduzir.
Ela surge no momento adequado para ser aferida em torno da personalidade de Julian Assange, por agora aprisionado numa prisão inglesa e em vias de ser extraditado para a Suécia, acusado de singulares agressões sexuais.
Até pode ser que essas violações ou assédios tenham acontecido, mas não deixa de ser significativa a relação causa/efeito entre a acção de divulgação de milhares de documentos secretos norte-americanos e a perseguição ao fundador da Wikileaks. Que dá para ponderar na hipótese provável de uma conspiração destinada a afastar este sério inimigo dos comportamentos mais criminosos do imperialismo norte-americano, lá isso dá!
Porque as histórias de alcova não desmentem o que os documentos em causa já demonstram: uma atitude de constante interferência e manipulação por parte das autoridades de Washington de forma a salvaguardarem os seus interesses financeiros e geopolíticos por todo o mundo.
Entre o poder imperial e o intrépido Astérix do nosso tempo não sobram dúvidas para quem se inclinam todas as nossas simpatias…
Por ora Assange sofre as consequências da sua inteligente militância em prol da transparência, condição fundamental de uma ética democrática…
Quanto aos seus detractores - que escolhem conscientemente o lado da trincheira aonde se situam - o seu mais estafado argumento é o da ambição de Assange. mas como dizia Joseph Conrad, toda a ambição é legítima, salvo as que se erguem sobre as misérias e as crendices da humanidade.
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