Paul Krugman produziu trabalhos sobre economia, que lhe valeram o Prémio Nobel, mas que lhe não bastam para se fazer ouvir pelos seus compatriotas. E o que ele diz merecia bem ser ouvido para impedir uma lenta degradação, que a América vai conhecendo à conta da retórica anti-impostos assumida pela direita nas últimas décadas.
A viragem terá acontecido com Ronald Reagan e a concepção friedmaniana de que cada dólar gasto em impostos é um dólar desperdiçado porque os gestores públicos são incompetentes e despesistas.
Trinta anos depois o resultado é uma América aonde os Estados estão falidos partindo o alcatrão das estradas de forma a transformá-los em gravilha por não terem dinheiro para a sua manutenção, em que a iluminação pública é praticamente desligada e em que programas educativos são abandonados por falta de verbas para os manter. E, ao mesmo tempo, os republicanos forçam Obama a abandonar o projecto de pôr os ricos a pagarem o mesmo nível de impostos a que estavam sujeitos na época de Clinton.
Acusando o Presidente de «socialista», a direita republicana conseguiu fazer-se ouvir através da Foz News e de um conjunto de outras televisões e rádios, que repetem sempre a mesma mentira de forma a convencer os eleitores de que se trata de uma verdade: poupar os ricos ao pagamento de impostos liberta-os de verbas, que irão investir para criar empregos e gerar mais riqueza.
Trata-se de uma falácia cuja tradução na realidade é nula. O nível de desemprego vai crescendo e a maioria da população está privada de apoios de educação e de saúde, que a poderia libertar da condenação à pobreza em que já está mergulhada.
A América necessita rapidamente de uma Revolução, que Obama não quis ou não pode levar por diante. Porque o capitalismo selvagem, na sua forma mais hedionda, já se está ali a revelar como a fonte de infelicidade da maioria dos seus cidadãos.
Embora não se adivinhe nenhuma vaga de fundo destinada a alterar este estado de coisas, as condições para ela surgir crescem dia-a-dia.
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