terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Hélas!

 

O caso Rosalino está votado ao esquecimento, mas não deixa de ser injusto que todos quantos foram imperdoáveis vilões para os portugueses nos tempos da troika tenham sido alavancados para cargos  de prestígio, e principescamente remunerados. Assim sucedeu com Vitor Gaspar, Maria Luís Albuquerque, o referido consultor do Banco de Portugal  (decerto ocupado a contar moscas do seu gabinete a troco de mais de quinze mil euros mensais) e até o próprio Passos Coelho, que não tinha currículo para ser assistente de nenhuma cadeira universitária, quanto mais ser seu titular. E, claro, não esquecendo quantos agora voltaram a ser ministros, secretários de Estado ou deputados...

Foram peça fundamental da experiência político-social ensaiada por Wolfgang Schäuble  e seus apaniguados para punir as gentes preguiçosas do sul da Europa que, no dizer de um deles, só se preocupavam com vinho e mulheres. E, no entanto, quer o mesmo Schäuble, quer Gaspar, quando fundamentou a demissão de ministro, reconheceram o erro de não terem sabido prever o efeito perverso da depressão a que sujeitaram as economias do sul e, muito em particular, a portuguesa.

Passada uma dúzia de anos, muitos deles - mormente a atual comissária europeia e o ainda quadro do Banco de Portugal - não fizeram idêntica mea culpa do seu sombrio passado. Pelo contrário, ao aprestarem-se a sentar nas atuais ou frustradas funções não só demonstram que não se arrependeram como voltariam a repeti-lo.

E é a este tipo de gente que, enquanto durar este desgoverno, estamos entregues. Hélas! 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Até que a corda se parta ...

 

A notícia sobre o aumento da mortalidade infantil em Portugal para máximos dos últimos cinco anos vem apenas confirmar o que se espera da ação desta espécie de «governo»: desde 2019, que não se atingira o número de 261 bebés abaixo de um ano de idade, explicando-se esta trágica realidade com a degradação acentuada do SNS nestes últimos oito meses, agravando o desigual acesso aos cuidados de saúde e potenciando as gravidezes mal vigiadas.

Preocupado, sobretudo, em garantir o acesso a empregos no Estado à sua ávida clientela partidária, Montenegro vê outros números demonstrarem a sua indesculpável competência. Não será, por acaso, que, noutro indicador hoje conhecido, se veja a confiança dos consumidores a baixar e a dos empresários a melhorar.  A isto chama-se luta de classes: as classes trabalhadoras veem agravadas as condições de qualidade de vida para que os patrões garantam maiores lucros.

Mas, não falando hoje dos outros máximos históricos sobre doentes graves a esperarem horas nas urgências dos hospitais, gente desabrigada porque as cidades foram vocacionadas para os alojamentos locais, e lojas de pechisbeques associadas, ou dos alunos que continuam sem professores (a pressa que teria o titular da Educação a reclamar novos sucessos depois do pífio resultado da manobra anterior!), resta outro número eloquente: as salas de cinema terão conhecido em 2024 uma subida de espectadores e de receitas. Mas, não com filmes capazes de agitar os abúlicos neurónios dos espectadores: se dantes se enganavam os tolos com bolos, agora dá-se-lhes pipocas e super-heróis, mais uns bonecos animados para as criancinhas, e assim se vai garantindo a sacrossanta paz social tão do agrado de Marcelo, que a crisma de sensatez.

Até ao dia em que a corda se parta e ...