O caso Rosalino está votado ao esquecimento, mas não deixa de ser injusto que todos quantos foram imperdoáveis vilões para os portugueses nos tempos da troika tenham sido alavancados para cargos de prestígio, e principescamente remunerados. Assim sucedeu com Vitor Gaspar, Maria Luís Albuquerque, o referido consultor do Banco de Portugal (decerto ocupado a contar moscas do seu gabinete a troco de mais de quinze mil euros mensais) e até o próprio Passos Coelho, que não tinha currículo para ser assistente de nenhuma cadeira universitária, quanto mais ser seu titular. E, claro, não esquecendo quantos agora voltaram a ser ministros, secretários de Estado ou deputados...
Foram peça fundamental da experiência político-social ensaiada por Wolfgang Schäuble e seus apaniguados para punir as gentes preguiçosas do sul da Europa que, no dizer de um deles, só se preocupavam com vinho e mulheres. E, no entanto, quer o mesmo Schäuble, quer Gaspar, quando fundamentou a demissão de ministro, reconheceram o erro de não terem sabido prever o efeito perverso da depressão a que sujeitaram as economias do sul e, muito em particular, a portuguesa.
Passada uma dúzia de anos, muitos deles - mormente a atual comissária europeia e o ainda quadro do Banco de Portugal - não fizeram idêntica mea culpa do seu sombrio passado. Pelo contrário, ao aprestarem-se a sentar nas atuais ou frustradas funções não só demonstram que não se arrependeram como voltariam a repeti-lo.
E é a este tipo de gente que, enquanto durar este desgoverno, estamos entregues. Hélas!