terça-feira, 3 de outubro de 2023

Fachos à solta e o insuportável turismo de massas

 

1. Não querendo alinhar com a estratégia mediática do partido fascista, convirá reconhecer que o comparecimento de deputados seus numa manifestação mobilizada por quem tem valores e ideologia totalmente oposta tinha todas as condições para ser-lhes bem sucedida: se não os ostracizassem, diriam estar em todas as ocasiões em que a população se manifesta contra o governo; se fossem insultados ou agredidos fariam o número de vitimização, que acabou por ser o que prevaleceu. Com a cumplicidade das televisões conseguiram o que melhor lhes convinha: desviaram as atenções do que mais importava mediatizar, ou seja, a importância que assume o problema da habitação para quem a ela não tem acesso. E sendo eles os maiores paladinos da propriedade privada, mormente do alojamento local, suspeita-se ter sido esse desviar das atenções o que lhes terá motivado a provocação.

2. Notícias dão conta de um novo record no alojamento turístico em agosto comprovando o quão o país está a tornar-se insuportável com as multidões, que invadem os espaços anteriormente fruídos prazerosamente na devida quietude.

Dias atrás eu e a Elza fomos ao Palácio da Pena e viemos convencidos da inutilidade dali voltar enquanto as condições presentes forem as que são: filas para tudo, encarreiramento dos visitantes como se fossem carneiros levados para o redil, e ruído quanto baste para impedir a atenção para o que, antes, era quase silenciosamente observado com interesse.

Ando a execrar o turismo de massas por muito rendimento que propicie às finanças lusas. E mesmo levando em conta as notícias que dão conta das crescentes dificuldades de Fernando Medina em criar um orçamento equilibrado tendo em conta os efeitos da inflação na despesa pública e a desaceleração da economia provocada pela escalada das taxas de juro. 

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