sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Loucura à solta

O país ficou impressionado com o crime de Beja em que um homem matou a mulher, a filha e a neta para, nas suas palavras, as “poupar” ao sofrimento iminente de perderem a casa onde viviam.
Como de costume nestas ocasiões ergueram-se os histéricos do costume, preparados para o lincharem publicamente sem julgamento. Esquecidos de que se esse homem foi o executor do crime, os seus mandantes estão em Lisboa, em Belém e em São Bento, aonde vão dirigindo políticas irremediavelmente orientadas para a criação de enormes desesperos em quem vê perdidos os anéis, os dedos, e já não sabe como sequer angariar a própria sobrevivência.
Perante governos, que fomentam a desigualdade social com o enriquecimento da sua base social de apoio e o empobrecimento acelerado da maioria dos cidadãos, os mais desprotegidos têm três alternativas: a de emigrarem como propuseram Passos Coelho, Relvas e um obscuro secretário de Estado, para descobrirem que os becos não se situam apenas cá, mas também nesses falsos eldorados. A de se suicidarem como silenciosamente tantos vão fazendo. Ou a de matarem vítimas inocentes, que sofrem os efeitos dos seus descontrolados impulsos. ~
Esta última hipótese não é tão rara quanto se supõe: uns anos atrás um suíço da alta burguesia não quis confessar a sua queda em desgraça, continuando a sair para o emprego todas as manhãs e perdurando a ilusão, enquanto lhe durou o dinheiro, do seu estatuto junto da comunidade em que vivia. Até ele se esgotar e não lhe restar outra alternativa que não fosse matar a família para lhes sonegar a verdadeira realidade do seu fracasso.
Patético, pois, espectáculo o das hordas furiosas a invectivarem o assassino. As suas mãos estão manchadas de sangue. Mas as de Passos Coelho ou de Cavaco não o estão menos, decididos que estão a executar políticas, que mergulham no desespero quem delas padece os mais gravosos efeitos…
E referenciando Cavaco vale a pena constatar o susto por que passou esta manhã: preparava-se para comparecer numa cerimónia oficial na Escola António Arroio, quando teve de retroceder porque uma manifestação estudantil ameaçava mergulhá-lo no caos da insatisfação estudantil.
Fenómeno curioso este em que o Chefe de Estado já perde a áurea do seu estatuto e foge a sete pés do cheiro a Revolução!
Efeitos de uma  crise, que já exaspera por vê-la combatida por Merkel, Sarkozy e seus capangas com receitas, que não mostram qualquer virtude regeneradora. Pelo contrário: cada tentativa de repetir a mesma receita  conduz a resultados ainda piores.
Se não fossem tão estupidamente arrogantes os dirigentes europeus deveriam ter presente as palavras de Albert Einstein, que dizia loucura é fazer repetidamente a mesma coisa e esperar resultados diferentes de cada vez...

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