Numa semana em que Cavaco Silva arranjou uma fraca justificação para não enfrentar as vaias dos alunos da Escola António Arroio e em que Passos Coelho teve de ouvir as vaias de quem o recebeu na Feira do Queijo em Gouveia, não se pode dizer que os jornais não vão reflectindo o estado das coisas e poupem nos conselhos para que o Governo arrepie caminho e tome outra direcção, que não esta, de completa submissão aos ditames da troika, responsável pela recessão económica do país e pelo aumento do desemprego.
Tomando como exemplo o «Expresso» deste fim-de-semana, nele encontramos três colunistas, que, de forma diversa, se sintonizam nessa posição. Assim, Miguel Sousa Tavares lembra a alternativa mais inteligente nesta altura: Nos Estados Unidos, Obama começou a subir nas sondagens assim que os números confirmaram dois trimestres consecutivos de subida da taxa de emprego. Mas os alemães estão furiosos com Obama: em lugar de seguir uma política de austeridade pura e dura, como a Europa que Berlim comanda, eles estão a injectar dinheiro na economia - e a começar a ter resultados.
Por seu lado Nicolau Santos contesta a teimosia ideológica do Governo que agarra-se às suas crenças ideológicas e não quer ver as evidências. Só que quando se expulsa a realidade pela janela, ela entra a galope pela porta - queira ou não o Governo agarrado à sua receita de empobrecermos para nos salvarmos.
Finalmente, com Fernando Madrinha, temos por tema a insensibilidade social do Governo, que não leva a sério os dramas humanos, que vai agudizando: o que mais surpreende e choca, por desnecessária e evitável, é a arte dos actuais governantes, ou a sua frieza tecnocrática, para fazerem sentir aos cidadãos que são dispensáveis e estão a mais no seu próprio país.
Um Governo com esta atitude não pode contar por muito mais tempo com a compreensão que, humildemente, devia pedir aos portugueses todos os dias.
Sem comentários:
Enviar um comentário