O Orçamento de Estado agora aprovado pela maioria governamental suscita as maiores reservas em muitos dos nossos melhores economistas, que vêem nele a confirmação dos seus mais temidos receios: os de uma recessão de tal amplitude, que demoraremos décadas a recuperar do desastre agora precipitado: Entrámos definitivamente numa espiral recessiva que nos deixa apenas uma garantia - ao fundo do túnel, encontraremos um túnel ainda mais longo e escuro. (Pedro Adão e Silva, Expresso).
Singularmente Passos Coelho ainda está a escapar habilmente da censura pública a que o seu comportamento o deveria condenar. Porque o que eu esperava de um primeiro-ministro é que ele estivesse, de forma incondicional, ao lado do povo que o elegeu e não dos credores que nos querem extrair até à última gota de sangue. (Nicolau Santos, Expresso).
Ora Passos Coelho revela-se um seguidor acrítico do que as supostas lideranças europeias andam a congeminar contra o interesse dos povos envolvidos não se lhe ouvindo qualquer crítica à sucessão de disparates emanados de Bruxelas, de Paris ou de Berlim. Aonde se desconhece que o Império Romano não começou a ruir porque os bárbaros germânicos estavam às suas portas. Foi a incapacidade de gerar receitas através dos impostos para pagar às suas legiões de mercenários e o suicídio político com que se entretinham as suas élites quando não estavam a ver a selvajaria no Coliseu, que o derrotou. (Fernando Sobral, Jornal de Negócios).
É o crepúsculo de uma Europa, que tanto prometeu e tanto está a desiludir. Até porque, berço da democracia, está a caucionar o advento de uma verdadeira ditadura de tipo novo: Os mercados financeiros liberalizados depõem políticos, elegem políticos, derrubam políticas, impõem políticas. Sem precisar de nenhuma máquina de propaganda ou de líderes carismáticos. Porque dispensam a nossa simpatia ou apoio. Têm o crédito, os juros, as agências de notação e o poder da chantagem. (Daniel Oliveira (Expresso)
Se poderemos esperar algo de diferente das novas lideranças que, a prazo, substituirão as de Sarkozy ou de Merkel, teme-se que elas já não cheguem a tempo de evitar a verdadeira «terra queimada» para que vamos tendendo...
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