O Egipto continua mergulhado na vertigem de uma revolução indefinida. A violência instalou-se no quotidiano com a delinquência a encontrar condições para se manifestar já que reina o «salve-se quem puder».
Os turistas, que tanto dinheiro traziam ao país, desapareceram de circulação, tornando ainda mais difícil a sobrevivência de quem deles dependia para a magra sobrevivência de cada dia.
Some-se a isso um descrédito progressivo com a política, dado que a divisão dos círculos eleitorais serviu para favorecer quem defende os interesses dos ricos e esquecer a desdita de todos os demais.
Para quem quer perpetuar o presente estado das coisas, a exploração das divergências religiosas é uma estratégia óbvia: os militares atiraram combustível para a fogueira, quando puseram as televisões a passar a informação de terem sido atacados por fanáticos coptas, razão para as dezenas de mortos constatadas nos confrontos da semana transacta. Quem ganha com toda essa instabilidade é a força política mais organizada nas presentes circunstâncias: os Irmãos Muçulmanos, que sonham criar uma República Islâmica à beira do Nilo.
Mas ainda é cedo para prever o desenlace: é que, depois da Revolução de Fevereiro, a praça Tahir volta a servir de epicentro de movimentações de direcção ainda muito incerta...
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