Passos Coelho viajou em classe económica na deslocação ao Conselho Europeu, naquela que é a demonstração da mais primária demagogia populista, que aconteceu nos últimos anos.
Nestes primeiros tempos de (des)governação da direita serão expectáveis muitos outros episódios destes, que tenderão a criar a ideia de sacrifícios mais divididos por todos. Uma reelaboração não muito imaginativa do ditado popular «com papas e bolos se enganam os tolos».
Mas a lógica governativa perderá depressa esta máscara ao incrementar as dificuldades para os mais pobres e ao eximir aos bancos e a outros (poucos) privilegiados esses sacrifícios impostos pela troika.
Depois, depressa Passos Coelho entenderá que o povo, não quer sentir na liderança do país alguém que sinta seu igual. Com quem deseje partilhar uma viagem de avião ou de autocarro. Porque a função governativa envolve sempre uma forma de sacralização e esta sua banalização só contribuirá para mais rapidamente o culpabilizar de todos os malefícios vindouros. Porque o povo consegue ser extremamente virulento para com os que sente seus iguais, e muito mais complacente com quem sinta socialmente mais favorecido. Ou não tenha acontecido com a campanha contra Sócrates essa mesma via: a de o apresentar como um cábula vindo das beiras e sem qualquer relação com a classe social a que pretenderia ascender pelos seus gostos sofisticados.
É pena mas é a verdade comprovada pelos factos: a psicologia de massas da plebe tende a torná-la impiedosa com os iguais ou os mais fracos e vergonhosamente reverente perante os que parecem ser mais fortes socialmente.
Ao adoptar esta via populista, Passos vai expondo mais abertamente a sua frouxa personalidade. Aquela que o virá a precipitar no tal caixote do lixo para onde são despejados os irrelevantes...
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