sábado, 27 de setembro de 2025

Aqui ao lado dá-se a receita certa

 

A ser verdadeira a manchete do Expresso, só confirma a razão porque não me identifico com a linha orientadora da atual direção do meu partido ao estender a mão ao governo no que ele vai tendo dificuldade em aprovar. Em vez de contrariar a política anti-imigrantes e deixá-lo no labirinto em que se enredou no namoro com o Chega, José Luís Carneiro entende judiciosa a estratégia de fazer um favor a Montenegro. Na mesma semana em que este virou costas a uma prática sempre seguida nos dois partidos do bloco central: fazer com que o secretário-geral do PS soubesse pelos jornais quem o governo acaba de nomear para a liderança das secretas.

A complacência da direção do Partido Socialista com as políticas de Montenegro lembra-me a dolorosa fase em que vi António José Seguro ter essa mesma estratégia para com Passos Coelho, apesar de todas as malfeitorias que esse malfadado desgoverno concretizara até então. Daí o entusiasmo com que eu e a Elza nos lançámos na época a militar junto de muitos outros camaradas para ver António Costa alterar o estado das coisas e encetar o que parecia ser um futuro melhor sob a égide da dita Geringonça.

Que Costa desmereceu a confiança nele então depositada é um facto. Vai-se confirmando pelo seu comportamento atual à frente de uma União Europeia à deriva entre os caprichos de Trump e as perversas estratégias de Putin. Se Ursula Van der Leyen é uma figura patética à frente da Comissão Europeia, não se vê António Costa dar alguma lucidez a uma atuação política que outros bonifrates - Macron, Merz, Karmer - vão personificando.

Pedro Sánchez, apesar de muito atacado, inclusive pelo poder judicial que replica a sanha conspirativa antissocialista dos seus lusos representantes, é o único a remar contra a corrente. Mostra qual o caminho: firmeza contra a tentação para ser frouxo, manter uma frente unida à esquerda contra as direitas que começam a esvaziar do inchamento eleitoral que, qual o sapo da fábula, fizeram-nas pensar na miragem de se tornarem tão imponentes como os enferrujados touros dos anúncios ainda espalhados pelos campos de Castela. O futuro das esquerdas está em juntarem forças numa luta determinada e constante contra as direitas apostadas em só governarem para os que já comem tudo e não deixam nada...

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