Embora não coincidindo no mesmo dia, a data da morte de João Cravinho colou-se à do aniversário do Partido Socialista e a da minha entrada nele há 39 anos.
A junção dos três acontecimentos tem um significado muito pessoal: em 1986, depois de andar pelas esquerdas à esquerda do PS, foram as intervenções de João Cravinho e de Mariano Gago a motivarem-me a entrada no Partido então liderado por Vitor Constâncio. E seriam algumas conferências dele na sede do Largo do Rato, no âmbito do então Gabinete de Estudos, que me motivaram a voltar às cadeiras das universidades - primeiro no ISE, depois no ISCTE - para juntar as competências de Economia e Gestão às de Engenharia colhidas na Escola Náutica. Porque compreendera que esse dirigente socialista buscara uma melhor interpretação da realidade ao aliar essas duas especializações académicas.
Depois também me reconheci na sua relação dele o partido: rejeitando a ortodoxia de tudo nele apoiar, ele assumiu posições contrárias sempre que estavam menos conformes com o seu pensamento que as proclamadas pelas sucessivas lideranças. Razão para melhor seguir o seu exemplo, quando, por portas e travessas, fui adotando comportamentos a elas contrários, sobretudo quando vigorou a lamentável passagem de António José Seguro pelo cargo de secretário-geral.
Na morte de Cravinho enfatizo, sobretudo, a importância da crítica e de se ser autêntico consigo mesmo. O que equivale a só apoiar o Partido quando creio na justeza das suas posições. E, felizmente, nesta altura, conto com um secretário-geral que merece apoio por ser mais próximo do socialismo, que professo, do que defendiam os seus antecessores, mesmo esse António Costa, que tanto me desiludiu no final do seu percurso enquanto primeiro-ministro.
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