segunda-feira, 7 de abril de 2025

Vem aí a maré vaza das direitas?

 

Sete mil apoiantes terão sido quantos Marine Le Pen conseguiu arregimentar para um comício parisiense com sabor a flop. Em contraponto foram muitos os milhares que, por todo o mundo, saíram à rua contra Trump e Musk na sequência do que vem sucedendo nestas últimas semanas em Telavive, em Istambul, ou em Buenos Aires, contra outros títeres da extrema-direita. O que justifica a expetativa de estarmos perante o refluxo de uma maré-cheia reacionária confrontada com o abandono de quem se iludiu com as suas mentiras e mistificações.

E, mesmo a direita tradicional começa a sentir-se instável na convicção de se ver num “fim da História” ao estilo Fukuyama em que as esquerdas a quase nada se reduziriam.

Basta ver como, entre nós, reagiram os Castros Almeidas, os Nunos Melos e os Montenegros à apresentação do programa do Partido Socialista.

De repente nem as sondagens mais “trabalhadas” lhes dão ânimo: o pesadelo de um pote novamente inacessível volta a tornar-se tão pertinente quanto o foi a realidade subsequente à noite em que Jerónimo de Sousa veio dizer ao país, que o Partido Socialista só não seria governo se não quisesse. E, como se viu, António Costa veio a querê-lo. Mesmo que, para nosso desgosto, se tenha enleado na inconsequência de não potenciar tudo quanto significou a dita geringonça... 

sábado, 5 de abril de 2025

A imprevisibilidade dos acontecimentos atuais

 

O “tarifão” de Trump veio abanar algumas interpretações dos últimos anos sobre a evolução do capitalismo, que passou da fase selvagem e imperialista para a sociedade do “bem estar” dos Trinta Anos gloriosos, daí evoluindo para o consumismo exacerbado propiciado pela globalização, que tenderia a culminar numa concentração de capital em poucas mãos e na condenação da grande maioria a uma sobrevivência precária.

O ter-se chegado a essa inaudita desigualdade entre os que tudo têm, e os que só ficam com as sobras, redundou no trumpismo. Porque os oligarcas sabem incomportável prosseguir numa direção, que tende a acelerar a contestação coletiva desta realidade. Daí quererem-se enganar os mais crédulos - os “deploráveis” tal qual os crismou Hilary Clinton - com uma mistificação bem construída nos medias  e nas redes sociais.

O regresso do trumpismo aos pressupostos dos finais do século XIX abre um campo de experiências de imprevisíveis resultados: será solução para o capitalismo reinventar-se e, qual fénix moribunda, renascer para mais um ciclo dominador? Ou as realidades ambientais, a par da sempiterna luta de classes, significará um passo adiante para as redentoras revoluções por que há tanto esperamos?

Por agora é altura de comprar as pipocas e pormo-nos a constatar o que resultará de todo esse experimentalismo económico!

sexta-feira, 4 de abril de 2025

O que eu gostarei de ver e ouvir na campanha eleitoral

 

Não sei se Pedro Nuno Santos irá fazê-lo, ou não, mas acredito haver já tanta gente apreensiva com os desvarios trumpistas, que a sua merecida vitória eleitoral não deveria assentar só no trazer à colação os comportamentos nada escrupulosos de Montenegro (de que o episódio do mercado do Bulhão confirmou ser genético e não casual!), mas também em demonstrar como o programa político e económico do Partido Socialista será o mais adequado para responder ao que os vendavais transatlânticos pressuporão em aumento do custo dos bens essenciais bem como a redução das exportações e da atividade económica no seu todo.

Gostarei de ver os indecisos das sondagens a concluírem ser Pedro Nuno Santos o rosto adequado para vencer uma crise que teremos como certa e à qual ficaríamos muito mal entregues se fossem Montenegro e Miranda Sarmento a intentarem-no com o seu estilo de não serem mais do que rodas mandadas de uma engrenagem, que não controlam, nem tentam controlar.