sábado, 31 de agosto de 2024

O que se poderia esperar de gente quem qualidades?

 

Perdoe-me Robert Musil as vezes em que o cito, mas não posso deixar de pensar no seu título mais famoso, quando deparo com as diatribes deste (des)governo.

Sabendo-se a prazo, Montenegro tem sido fértil em power points e promessas para o longo prazo - em que já se sabe arredado do poder! - mas incapaz de resolver minimamente os problemas pelos quais o governo de António Costa foi sancionado: o caso nos hospitais está bem pior do que há um ano, aquele que se anuncia para as escolas no novo ano escolar também se afigura semelhante e, quanto ao problema da habitação, só se agravou com o confortável colinho propiciado à ganância dos especuladores do alojamento local.

Nem saúde, nem educação, nem habitação! Por esta altura, e mesmo contando com os conselhos do seu tutor de Belém (através de Pedro Duarte, seu homem próximo?), Montenegro sabe urgente chegar à discussão do orçamento com uma rutura, que lhe propicie eleições para as quais contará com a ajuda do Chega, seja na forma de transferência de votos dos seus eleitores para a AD, seja numa futura coligação para a qual deixará de funcionar a mistificação da dita linha vermelha.

Mas poderia esperar-se coisa diferente de quem só tem para enviar para Bruxelas enquanto comissária, a mais do que medíocre Maria Luís Albuquerque, que sabemos campeã dos orçamentos retificativos e ter rentabilizado a agenda de contactos para emprego indigno num fundo abutre?

Se acreditei que, em nome dos princípios, o Partido Socialista deveria votar contra o orçamento para 2025, mudo de opinião achando asizada uma momentânea abstenção: é que a política nacional assemelha-se a um jogo de poker em que Montenegro se multiplica em bluffs, que acabarão por redundar no desmascaramento quanto às más cartas, que tem em mão. 

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