terça-feira, 26 de setembro de 2023

Uns proferem falácias, outros clarificam-se

 

1. Podemos acreditar na sinceridade de Luis Montenegro, quando afirma não coligar-se com André Ventura nas eleições, que se seguirão no calendário eleitoral? Claro que não, e é consensual o quanto de ambígua é a frase dessa exclusão derivar de, no seu pífio entender, esse conúbio não vir a ser necessário. O que, por outras palavras, significa o seu contrário se os resultados ditarem outra realidade. Nesse cenário mais rapidamente Montenegro se desmente do que Albuquerque o fez, quando demorou a aparecer domingo à noite no palco da vitória para garantir que, ao contrário do que prometera, não se demitiria apesar de não ter tido a tal maioria absoluta, que dava por garantida.

E se a Madeira trouxe mais alguma clarificação da ideologia dos partidos parlamentares é o oportunismo do PAN, que já intuíamos - nada consonante com a “esquerda” em que alguns o colocavam -, e agora se confirma com a adesão à coligação PSD/CDS para lhes garantir a continuidade de um poder reconhecidamente aparentado com os tais regimes ditos iliberais, que não são mais do que ditaduras caucionadas por um eleitorado intensivamente manipulado para nelas votar.

2. Podem ser só sete energúmenos, ou até mesmo doze se se contabilizarem os que a eles se associaram na interrupção de uma missa durante as Jornadas Mundiais da Juventude, mas o ato terrorista de interromper a apresentação de um livro numa livraria lisboeta merece liminar repúdio e mereceria punição exemplar. Porque, através destas iniciativas, a extrema-direita vai testando os limites até onde podem ir os seus atos de intimidação contra os que detesta, as forças políticas da esquerda e as das minorias mais ou menos por elas apoiadas que lhes servem de invariável alvo.

3. O parlamento canadiano a pedir desculpa por ter ovacionado entusiasticamente um velho ucraniano, que combatera os russos durante a Segunda Guerra Mundial , porque estava filiado no movimento nazi de Stepan Bandera, coloca os governos ocidentais perante uma realidade, que não querem encarar: se existe gente de extrema-direita ao lado de Putin, também não falta quem se perfila ao lado de Zelenski.

De um e do outro lado não existem propriamente meninos de coro. Nem tão pouco por trás dos que estão a ganhar com a guerra, ou não seja por acaso, que os Estados Unidos substituíram a Rússia como um dos principais fornecedores de energia fóssil à Europa. 

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