sábado, 9 de setembro de 2023

Quem foi a verdadeira culpada da crise da habitação?

 

Acabada a tradicional “silly season” o regresso dos programas televisivos de comentário político tende a potenciar o chorrilho de tolices que, teoricamente, deveriam ser agora limitadas. Mas com tanta gente necessitada de ganhar uns cobres a proferir disparates mediáticos não é fácil encontrar quem os procure apimentar com a pilhéria fácil ou os truques retóricos, que iludam a sua vacuidade ideológica. Porque, dramaticamente, se a direita não tem ideias, a esquerda ainda não se libertou do estigma de renunciar ao marxismo como forma de se distanciar dos crimes em seu nome ilegitimamente cometidos que, porém, não põem em causa os seus fundamentos essenciais. Porque, queiram ou não os think tanks, pagos por quem quer manter as coisas tanto quanto possível como estão - o da exploração da maioria por uma minoria cúpida! -, a História da Humanidade continuará a desenvolver-se em função da luta de classes.

Na vertente tragicómica explora-se a suposta guerrilha entre Marcelo e Costa, muito embora seja a perfídia do primeiro - a idade não tem atenuado um dos mais execráveis traços da sua personalidade! - a servir de motor a uma permanente distração quanto ao que de essencial a todos deveria motivar. Por exemplo para as verdadeiras causas da crise da habitação, que tiveram origem - e não faltou quem então alertou para os efeitos perversos, que se seguiriam! - na nefanda lei Cristas, que liberalizou o mercado de aluguer e possibilitou a pandemia de alojamentos locais nas grandes cidades. Se muitos lhe louvam o mérito de ter garantido a recuperação de um património imobiliário degradado o contraponto humano foi avassalador: milhares de pessoas, quantas delas da terceira idade, foram despejadas das casas onde há muito viviam numa legítima estabilidade. E temos agora o contrário: cidades invadidas por turistas e nómadas digitais, que ajudam Medina a mostrar resultados financeiros invejáveis, mas inacessíveis para quem nelas trabalha e necessita habitar.

E, no entanto, os comentadores da direita iludem sobre de quem foi a culpa para o estado de crise a que se chegou e cingem-na a quem só a tem por não ter enterrado a lei em causa e criado as condições para a renovação urbana orientada para o interesse de quem nela habita ou necessita habitar.

1 comentário:

  1. Devia ser o verdadeiro culpado. Escrevendo culpada percebe-se logo que era mulher (e vem de imediato Cristas á cabeça). Culpado deixa o sexo indeterminado. (sei que não é assim para o wokismo).

    ResponderEliminar