No «Diário de Notícias», o escritor Baptista Bastos escreveu um texto de violenta crítica ao Partido Socialista:
O PS (…) sempre foi um estado d'alma, uma comovida exaltação de fatigados republicanos e nostálgicos antifascistas, antes de ser o que nunca foi: um partido de Esquerda, com o desígnio de mudar o País política e socialmente. Aos poucos, degenerou na massa parda do clientelismo, das cumplicidades duvidosas, dos sinuosos acordos de poder. Exactamente porque jamais foi "socialista", o que quer que a palavra signifique hoje.
Como militante do partido, e apesar do apoio que o Governo me merece por estar a fazer o que é possível face às circunstâncias, forçoso é reconhecer a consistência das críticas, que dão muitos dos militantes do Partido como aproveitadores de uma estratégia continuada de corrupção. Personalidades como Armando Vara criam, muito naturalmente, embaraços ao Partido.
Mas, por muito que aparentem justas, muitas das críticas oriundas mais à esquerda, esquecem que um eventual governo PSD/CDS será muito mais gravoso para os mais desvalidos do que o actual. Porque, mesmo com a excessiva margem de manobra dada a uns quantos boys, ainda sobra alguma consciência social a quem dirige o partido. E só se tomam as medidas imprescindíveis para corresponder à crise económica e financeira, porque sem elas tudo se tornaria muito pior, com o esfrangalhar de muitos equilíbrios frágeis de cuja solidez depende o futuro imediato de tanta gente.
Embora muitas vezes excessivo nas suas crónicas contra o Governo, Baptista Bastos tem dado sinais de preferir mil vezes a manutenção do actual governo do que das prometidas medidas da direita. O tempo é de parar um pouco, respirar fundo e esperar que, à nossa volta, as relações de força se alterem e nos permitam voltar a ter alguma margem de manobra para os anos vindouros.
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