A derrota dos socialistas chilenos nas mais recentes presidenciais foi extremamente dolorosa para quem vira nas vitórias anteriores de Ricardo Lagos e de Michelle Bachelet uma espécie de vingança contra o legado pinochetista, que se acreditava sujeito à rejeição duradoura.
Afinal a vitória de Sebastian Piñera em Março de 2010 significava o retorno ao passado tenebroso dos seguidores do assassino de Allende. E, para sua sorte, o drama dos mineiros encerrados na minha de cobre, dar-lhe-ia picos imerecidos de popularidade logo a seguir à sua tomada de posse.
Mas, um ano depois, a situação mudou e sucessivas manifestações estão a exasperar o regime chileno, levando o New York Times a comentar a profunda insatisfação popular com o modelo neoliberal, e exigindo a imposição constitucional do direito universal à educação de qualidade e de custos gratuitos.
A situação actual do ensino chileno pode ser vista como uma antevisão do que poderá vir a suceder no nosso país: a direita chilena desinvestiu na educação pública para possibilitar o chorudo negócio das universidades privadas. que são caras e, portanto, só acessíveis a alguns. E de fraca qualidade pedagógica.
Agora exige-se passar do oito para o oitenta, numa altura em que Piñera bate recordes de impopularidade: apenas de 26% de aceitação da sua política, contra os 53%, que o rejeitam liminarmente...
Afinal há equívocos, que duram muito pouco tempo...
Sem comentários:
Enviar um comentário