É verdade que o Governo de José Sócrates parece exausto, limitando-se a uma gestão dos problemas numa lógica de navegação à vista. Nesse sentido nada de novo parece surgir, precisamente quando todas as circunstâncias envolventes parecem mudar: uma Europa mais consciente de se tornar irrelevante ao reflectir exclusivamente as linhas estratégicas de dois políticos tão pouco visionários quanto o são Merckel ou Sarkozy. Um Norte de África a demonstrar como nem os poderes autocráticos podem resistir ao descontentamento dos seus cidadãos desesperados. Uma transferência para as redes sociais dos modelos de agitação e propaganda, outrora considerados para espalhar as palavras de ordem revolucionárias.
A realidade está em processo de transformação, mas os actores políticos em Portugal continuam a não se mostrarem à altura de tal dinâmica.
Pedro Passos Coelho surgiu com o ar jovem de trazer algo de novo consigo, mas cada vez mais se denota a sua incapacidade para credibilizar um discurso próprio, que corresponda a uma aparente solução para os impasses do país. Resultado: sondagem a sondagem o PSD e ele próprio vão caindo arriscando o sucesso anunciado para as próximas legislativas.
O que leva Miguel Sousa Tavares a reiterar o que tenho escrito neste mesmo blogue: são extremamente exageradas as notícias sobre a morte política de Sócrates. Porque nada tendo de consistente para apresentar como alternativa os seus detractores acabam por tombar, um a um, exaustos, perante a determinação de se perpetuar no poder, que Sócrates tem sido exímio em se afirmar.
E, no entanto, até os seus mais fiéis apoiantes, entre os quais me incluo, são obrigados a reconhecer a importância de começar a preparar o ciclo seguinte. Porque, após tantos anos de sucessivos confrontos com a mais difícil das realidades, até o próprio Sócrates encarará como libertador o momento em que passará o testemunho a um novo secretário-geral do Partido Socialista. Que, desejavelmente, seja o novo primeiro-ministro de Portugal...
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