quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ser ou não ousado, eis a questão!

Há dias um empresário no ramo da distribuição de produtos  tecnológicos confiava-me ter aumentado o volume de stocks no seu armazém central porque, na previsão de quebras de vendas, os seus concorrentes iriam apostar mais facilmente na redução de tais quantidades. E, por isso mesmo, iriam inevitavelmente penalizar os seus clientes, quer em preço  - porque comprariam menos quantidades, com menores descontos, nos seus fornecedores de origem - , quer em prazos de entrega. E então iriam ao seu encontro!
Chama-se a isto aproveitar as oportunidades num contexto de crise. E revela, igualmente, uma de duas atitudes possíveis nesta conjuntura: ou ser ousado e investir na expectativa de se adiantar à concorrência subitamente paralisada pelos habituais velhos do Restelo. Ou ceder a estes e praticar uma economia de dona de casa, que aferrolha o mais possível sempre na expectativa desse futuro temível pago pelos nossos filhos e netos.
Lamentavelmente os velhos do Restelo de hoje são os mesmo que, nos tempos idos, nunca fizeram o que deveriam para evitarmos chegar a este estado. E gente ousada, capaz de procurar Índias e Brasis, quando aqui escasseiam os recursos, só no Governo se encontram.
Mas devemos admirar-nos com tal facto? Muitos dos nossos economistas alimentaram-se anos a fio das ideias de Friedman, que resultam neste desastre anunciado. E têm agora uma dificuldade extrema em se porem a ler Keynes, Stieglitz ou Krugman.

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