Anda para aí muito nervosismo nos nossos comentadores políticos a propósito do clima de guerrilha aparente entre o primeiro-ministro e o presidente da República.

Como ainda agora dizia este no parlamento ninguém está isento de crítica. E isso é bem verdade quando Cavaco Silva mantém Fernando Lima em Belém depois de, comprovadamente, ter sido ele o autor da cabala das escutas do Verão passado. Ou quando toma objectivamente posição contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ao dizer-se muito mais preocupado com outros problemas do país.
Ao contrário do que defendem alguns dos opinadores oficiais dos nossos media, se existe a sensação do final de regime não é propriamente do de raiz governamental. O que já se detecta é o enterro anunciado do cavaquismo, quer pela intervenção política do seu criador, quer pela falência ideológica dos seus seguidores no maior partido de oposição, ao demonstrarem a incapacidade para olharem a realidade dos novos tempos e arranjarem uma ideia, uma única que seja, capaz de se comprovar eficiente para em vez de por eles nos deixarmos arrastar, encontrarmos forma de os condicionar para o que de mais positivo representarem para o interesse dos portugueses…