Os tempos estão a mudar. O que faz pensar quanto se mantém atual a velha canção de Bob Dylan.
Senão vejamos: a uma semana de vermos François Hollande marcar uma viragem simbólica na evolução política europeia, a Sra. Merkel vê-se a contas com uma greve dos metalúrgicos alemães, que não hesitam em exigir 6% de aumento nas suas remunerações. E nesse confronto com as suas políticas ela não se depara com gente frouxa como o nosso primeiro-ministro ou o secretário-geral da UGT. O forte sindicato IG Metall promete luta rija para prevalecer os direitos dos seus associados e conta com argumentos suficientes para fazer dobrar as intenções contrárias dos que estão do outro lado da barricada.
Se somarmos a essa realidade a queda do governo holandês, ideologicamente emparelhado com a austeridade a qualquer preço da teimosa vizinha, e a provável subida eleitoral dos partidos à esquerda do centrão grego, podemos considerar pertinentes as expetativas de a mudança passar a reorientar-se para a redução das enormíssimas desigualdades sociais alimentadas pelos partidos de direita e dos que, social-democratas de nome, contaminaram a esquerda reformista com a terceira via para o capitalismo selvagem.
Assim se compreende que, ainda enchendo o seu discurso de ameaças ao eleitorado francês pela sua previsível escolha, a Srª Merkel e os seus cúmplices já se vejam obrigados a ir falando em crescimento económico. Não adivinham que a procissão ainda vai no adro...
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