terça-feira, 9 de março de 2010

Caça às Bruxas

«Caça às Bruxas» foi o termo designado por Henrique Granadeiro na audição parlamentar de hoje, quando se dirigia à Comissão de Ética da Assembleia da República  que, nas últimas semanas, se tem arvorado em arma de arremesso contra o primeiro-ministro.
O termo em si recorda a nefanda Comissão do senador McCarthy que, nos anos cinquenta do século transacto, procurou identificar e criminalizar todos os simpatizantes de ideologias esquerdistas numa América a contas com o medo da Guerra Nuclear.
Essa designação poderá ser vista, de facto, como excessiva, mas o que está em causa é uma coligação de forças aparentemente antagónicas, mas unidas por um cimento demasiado forte: o ódio de  estimação a um político fora do comum, que tem visão de futuro e determinação para a ele aceder, em vez de se perder na estéril oratória de muitos dos seus antecessores.
José Sócrates já conseguiu recuperar o país de um défice excessivo herdado de Durão Barroso, Santana Lopes e Manuela Ferreira Leite e promete agora repetir a façanha com a colaboração preciosa do competente ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
O que mais custa à oposição é a existência de um projecto concreto para o país e para os portugueses, quando, em contraponto, ela nada tem para apresentar de mais sedutor enquanto modelo alternativo.
Tem sido confrangedor constatar como a esquerda parlamentar representada pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda prossegue uma estratégia de terra queimada como se, mais importante do que descobrir caminhos convergentes com os socialistas, valerá apostar numa lógica contestatária, que possibilite o regresso da direita ao poder.
Nesta última o PSD está convertido num saco de gatos engalfinhados em que não se tem por onde escolher: Pedro Passos Coelho é aparentemente novo no aspecto, mas velho caduco no seu liberalismo fundamentalista, posto em xeque pela recente crise financeira internacional.
Aguiar Branco revela uma faceta bipolar: ora com tendências de convergência com o Governo em prol do país, ora ameaçando-o com uma moção de censura.
Quanto a Paulo Rangel tudo nele é mesquinho, desde não se lembrar da sua recente militância no partido da extrema-direita parlamentar até ao oportunismo tosco de se servir do Parlamento Europeu para a guerrilha interna.
Resta o CDS-PP populista, sempre pronto a abraçar as causas mais retrógradas na posição obsessivamente anti (gay, aborto, etc) e com um líder insuportável de ser visto ou ouvido na televisão. Um daqueles casos em que apetece ir logo vomitar à sanita, quando ele entra sem aviso pelas nossas portas adentro via um electrodoméstico que, a exemplo, dos computadores com acesso à net, deveria ter uma função de bloqueio do que de mais intragável somos obrigados a suportar a nível político e ideológico.

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