quarta-feira, 1 de maio de 2019

A realidade continua a pôr em causa os desejos trumpianos


Perante a tentativa de golpe de Estado ontem verificada na Venezuela - que permitiu olhar para as nossas televisões como caricaturas do que deve ser uma Informação objetiva, baseada nos factos, e não nos preconceitos dos seus diretores e chefes de redação! -, podemos compreender melhor o afã com que, dias atrás, Trump andou a cuidar da significativa subida do preço do petróleo, invocando para o efeito um boicote mais ativo ao Irão.
A Casa Branca sabe que, se o golpe resultasse, teria de abrir os cordões à bolsa para permitir a Guaidó a liquidez bastante para importar os alimentos e os medicamentos de que o país tanto carece, e lhe tem faltado pela sua persistente ação de sabotagem económica. Como não poderá dispor de dinheiros federais, que nem estão orçamentados, nem provavelmente passariam no Congresso, Trump e os seus lobistas da industria do petróleo - que seriam os óbvios beneficiados com a pronta privatização das reservas existentes no solo venezuelano - cuidam  de aumentar o preço do petróleo no mercado internacional facilitando afluxos rápidos de divisas aos cofres do regime saído do golpe. Esperariam assim que parte significativa do povo venezuelano, apoiante do bolivarismo, se deixasse iludir com efémero alívio dos apertos por que tem passado.
Se com Obama a estratégia passou por levar a Rússia, o Irão e a Venezuela à falência, mediante políticas, que impunham preços do barril abaixo dos custos de extração de petróleo nalguns dos seus poços mais inacessíveis, Trump joga agora diferentemente nos três tabuleiros: promove um draconiano boicote aos aiatolas, fomenta o golpe em Caracas e possibilita um alívio aos cofres de Putin, ajudando assim um aliado, que tanto o ajudou a ganhar as eleições de 2016.  Dando aos amigos sauditas mais dinheiro para lhe comprarem mais aviões e outros engenhos militares.
O problema é que, nesta altura, o tal presidente, que nunca o chegou a ser, continua a dar passos em falso e a mostrar que não passa de mera marioneta de quem lhe tem financiado as arruaças.

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