sexta-feira, 19 de abril de 2019

O neossindicalismo fascista dos camionistas de substâncias perigosas


Lendo o trabalho jornalístico de Catarina Carvalho e Fernanda Câncio no «Diário de Notícias» sobre quem é o tal advogado, que se faz deslocar de Maserati, ficamos bastante esclarecidos sobre o tipo de «empreendedor», que se associou ao proprietário de uma empresa de camionagem para, durante três dias, semear o caos no país. Tudo no novo «sindicato» (com s bem minúsculo!) cheira mal, eivado que está de uma podridão que fede à distância.
Sobre Pacheco Pereira há tanto a dizer, mas que se resume a uma síntese breve: sendo um sujeito inteligente e dotado de inequívoca cultura, fica frequentemente toldado por tanta informação, que o inibe de ver o essencial. E este resume-se a isto: patrões e oportunistas ideologicamente orientados para o chico-espertismo fazem tudo por perverter uma das grandes ferramentas criadas pelas classes trabalhadoras para melhor defenderem os seus interesses. E eles só podem ser defendidos com um valor ético, que Daniel Oliveira valoriza muito empenhadamente com inteira justiça: o da solidariedade. Ora se uma classe profissional consegue, após mais de vinte anos a lutar por isso, um contrato coletivo, e um pequeno grupo de centenas dos por ele contemplados - mas com capacidade para pararem o país em pouco tempo! - se exime de o aceitar criando um sindicato corporativo, de inspiração fascista (porque era essa a proclamada natureza das organizações assim chamadas durante o Estado Novo) está-se a um passo de dar cabo do que resta dessa tal ferramenta, durante décadas tida como a mais influente disposta pelos trabalhadores nos países democráticos.
Não se compreende, pois, o entusiasmo de Pacheco Pereira com esta novel organização, que fez por promover na «Circulatura do Quadrado», nem tão pouco o oportunismo de Marcelo, cada vez mais parecido com Cavaco na charla do «eu bem vos avisei!». A menos que concluamos - e temos todas as razões para o fazer! - estarem Pacheco e Marcelo a cumprir aquilo que lhes dita a ideologia, que os anima, e nada tem a ver com o interesse das classes que precisam de se reorganizar em torno dos valores fundamentais - e o da solidariedade é um deles! - para alcançarem um futuro menos desigual.

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