sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Como se atribuem culpas a socialistas que só às direitas dizem respeito!


Porque andei todo o dia afastado das redes sociais e da comunicação audiovisual não sei se já foi desmascarada a notícia com que acordei de manhã, segundo a qual Almerindo Marques teria contactado em 2002 com Jorge Sampaio e Vítor Constâncio a propósito da forma como se andavam a prodigalizar créditos na Caixa Geral de Depósitos como que atirando para esses socialistas, então em Belém e no Banco de Portugal, o ónus do que viria depois a acontecer, e já demonstrado no recente relatório da auditoria ao que ali se passou.
Imagino o que gente menos informada terá pensado sobre tal atoarda: poupando as direitas dessa culpa, seriam os socialistas a estarem sempre no topo do vulcão. Mas pondo o filme a andar para trás pergunta-se: quem estava então à frente do governo? Não era Durão Barroso? E quem tutelava a instituição bancária do Estado enquanto ministra das Finanças e de Estado? Não era Manuela Ferreira Leite?
Se houvesse honestidade intelectual por parte de quem fez a notícia poderia dizer que o gestor em causa teria alertado a situação ao governo de então, liderado por Durão Barroso, o único em condições de proceder às mudanças que se justificavam. Por que vem Jorge Sampaio à liça, se como Presidente não poderia fazer mais do que exercer alguma magistratura de influência para alterar o rumo das coisas? E Vítor Constâncio não se inseria na tradição de neutralidade do Banco de Portugal perante o setor, e que só a crise de 2008 justificou alterar sem que, com Carlos Costa, ainda tenha sido possível fazê-lo?
A notícia serve os interesses das direitas e constitui uma forma pagamento de favor do mesmo Almerindo Marques a quem, nesse ano de 2002, o nomeou para presidente da RTP. Precisamente o governo das direitas! Se isto não é conflito de interesses não sei mais o que será!

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