domingo, 25 de março de 2018

A origem dos nossos males

Na edição desta semana de «O Eixo do Mal», Pedro Marques Lopes conseguiu demonstrar a desonestidade intelectual de quantos insistem na tese de José Sócrates ter levado o país à bancarrota, enervando Clara Ferreira Alves, que tanto tem usado e abusado do simplismo na forma de ver como o país vem evoluindo.

No blogue Ladrões de Bicicletas, Ricardo Paes Mamede também combate essa forma demagógica de fazer análise política ao demonstrar que, embora podendo existir corrupção e excessiva ligação entre o poder económico e o poder político daí se tendo tornado inevitável a crise de 2011, as verdadeiras razões foram outras: as privatizações, a liberalização comercial no espaço europeu e a adesão ao euro. Foi nesse cenário que a dívida soberana cresceu por influência de um tecido económico assente em grande parte nas mercadorias não-transacionáveis destinadas ao consumo interno e sem potencial exportador.

Terá sido à conta dessa opção empresarial, implementada à custa de significativo endividamento externo, que o país derrapou para a situação responsável pela vinda da troika. 

A interpretação de Ricardo Paes Mamede é consistente e fundamentada nos estudos em que participa ou que lhe chegam às mãos. Mas que parecem ser ignorados pelos comentadores do costume, sempre presos às suas convicções, seja por nelas acreditarem, seja por cálculo político. Ora como diz o autor do texto em causa: “O problema é que se acreditarmos em explicações simplistas nunca perceberemos o que verdadeiramente o que nos aconteceu. Nem perceberemos o que devemos fazer para evitar que volte a acontecer.”

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