segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O balanço de três dias de debates

Ao fim de três dias de debates televisivos já é possível fazer um balanço dos sete projetos, que verdadeiramente estão em disputa nas eleições de 24 de janeiro.
Os candidatos dos partidos à esquerda do PS confirmaram o que deles se esperaria: a oportunidade para amplificarem as propostas das respetivas organizações, sem verdadeiramente ambicionarem um resultado passível de os levar à segunda volta. Acantonados aos respetivos eleitorados, sabem-se condenados a votações bastante abaixo das conhecidas nas legislativas, mas cientes de cumprirem uma tarefa, que procuram desempenhar com a máxima eficiência possível.
Nesse sentido Marisa Matias tem estado bem melhor do que Edgar Silva, demasiadas vezes condenado a explicar-se das contradições em que facilmente acaba por cair, como sucedeu com a suposta aprovação do orçamento retificativo do governo do PS, que o seu partido reprovara na Assembleia.
Paulo Morais também tem cumprido o que seria previsível: corrupção, corrupção, corrupção…
Como se esse fenómeno existisse por si mesmo e não fosse consequência do sistema económico em que vivemos e da cultura de promiscuidades entre os partidos e os interesses privados interessados em deles se servirem para sugarem verbas do orçamento do Estado. Como lhe apontaria muito justamente Marisa Matias, quando Paulo Morais mete no saco da corrupção todos os políticos e todos os partidos, está a fazer um favor enorme aos corruptos.
Henrique Neto quis ganhar votos pela truculência e pelo desrespeito para com os adversários. Elogiando-se continuamente sobre tudo quanto fez, escreveu e, sobretudo, previu - temo-lo como um candidato a oráculo, mais do que à função presidencial sobre a qual pouco diz - não só mantem uma obsessão patológica contra José Sócrates (como se a crise de 2011 tivesse a ver com o despesismo dos anos anteriores e não fosse, sobretudo, explicada pela dos subprimes nos EUA e os seus efeitos na Europa), como mantém um rosto zangado, que acaba por lhe ser contraproducente: depois da expressão mumificada de Cavaco Silva, o eleitorado não estará particularmente disponível para aceitar quem anda sempre com cara de todos lhe estarem a dever e ninguém lhe pagar.
Esta postura de Henrique Neto também se replica em Maria de Belém, que tem andado sempre crispada a debater com os outros candidatos esforçando-se por puxar dos galões por causa de tudo quanto terá feito na sua carreira política. Com tal exagero, que Edgar Silva foi contundente, quando lhe lembrou que elogio em boca própria é vitupério. Pecado que, apontado por um antigo padre, faz soar como falsa a sua conhecida religiosidade...
Curiosamente, e embora no debate com Marisa Matias, tivessem vindo a lume as ligações comprometedoras com o setor privado da Saúde, quando dirigia a comissão parlamentar dessa área, ainda ninguém a confrontou com outra das suas máculas: o carácter revanchista da sua candidatura contra António Costa depois de tudo ter feito para o prejudicar durante as eleições primárias (mostrando que, como presidente, não possui as qualidades exigíveis de isenção!) e em plena campanha para as eleições legislativas.
Restam-nos, pois, as duas candidaturas que realmente contam para o duelo definitivo na segunda volta.
Marcelo sabe-la toda como se viu neste seu primeiro debate: constatou-se que analisou bem o que Henrique Neto tivera com Sampaio da Nóvoa e tratou de, logo na primeira intervenção, bajulá-lo e, logo a seguir, desarmá-lo nalgumas das principais armas, que sabia ter contra si. Por exemplo Henrique Neto não se atreveu a repetir a charla sobre a suposta desqualificação dos “académicos” para continuarem a governar o país.
O candidato apoiado pelos partidos da direita soube contornar bastante bem as acusações sobre as suas cartas ao padrinho durante o tempo do fascismo ou a forma como tudo fez para evitar a aprovação da legislação sobre a interrupção voluntária de gravidez. E até contra-atacou sibilinamente, quando apontou ao adversário um dos seus mais comprometedores apoiantes: o inefável Nuno Crato, que qualquer candidato com pretensões deveria afastar como se de lepra se tratasse…
De qualquer forma, no seu primeiro confronto televisivo (esqueçamos aquela ridícula coisa com Tino de Rans e outro anónimo comparsa!), Marcelo não foi confrontado com as suas verdadeiras contradições: como se atreveu a ir ao Hospital de São José depois de se ter revelado um entusiasta dos cortes de Paulo Macedo na Saúde ou o que tem a dizer sobre a ausência na campanha dos seus apoiantes Passos Coelho e Paulo Portas. A explicação dada aos telejornais em como o ainda líder do seu partido não pode comparecer por causa das eleições autárquicas em S. João da Madeira seria, no mínimo risível, senão significasse, de facto, que Marcelo olha para os eleitores e quere-os comer por parvos.
Fica, enfim, a única candidatura que merece ser vencedora neste processo eleitoral. Muito digno, mesmo quando vilmente atacado por Henrique Neto, Sampaio da Nóvoa é o único com uma Visão consistente sobre o Futuro, que deseja para todos os portugueses e como ela poderá ser facilitada pelo seu desempenho das funções presidenciais.
Defensor da estabilidade política e dos consensos para a garantir, anseia ver valorizado o conhecimento e a inovação, de forma a tornar o país mais competitivo.
Considerando-se o presidente de todos os portugueses, sem os segregar entre uns que são de 1ª e outros de 2ª, a todos quer ouvir, com todos quer aprender e a todos quer estimular para se tornarem atores interventivos nas realidades, que lhes dizem respeito.
Um amigo meu costuma dizer, que seria uma pena se um Homem com a integridade, independência e isenção, que todos quantos com ele já trabalharam e conviveram, lhe reconhecem, não viesse a ser o próximo Presidente da República.
Não seria ele, Sampaio da Nóvoa quem perderia, seríamos todos nós, cidadãos desejosos de ver consolidado o tempo novo, que virou as costas à austeridade.
É por não podermos aceitar tal hipótese, que não serão demais os esforços a investir nesta candidatura até a vermos consagrada como a merecidamente eleita pela maioria dos portugueses.

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