sábado, 30 de janeiro de 2016

Invariantemente limitados

Na mais recente edição do «Expresso da Meia-Noite» o deputado Paulo Trigo Pereira não conseguiu disfarçar o enfado perante a ignorância dos interlocutores, entre os quais estava o inefável José Gomes Ferreira. Mas o painel ainda contava com um dos secretários de estado de Marilú e com um dos diretores adjuntos do «Diário Económico».
Em causa estava o Orçamento em que Trigo Pereira via todos os oponentes a zurzirem no draft com a repetição até à náusea dos argumentos já conhecidos de Teodora Cardoso e da UTAO.
Explicava professoralmente Trigo Pereira que os demais estavam a incorrer numa lógica cristalizada, porque partia da realidade presente e vendo-a invariante durante toda a execução orçamental já condicionada pelas medidas nela previstas para o aumento do consumo interno, a limitação do endividamento com produtos importados (sobretudo os automóveis) e uma conjuntura internacional caracterizada pelo crescimento dos principais mercados para onde exportamos os nossos bens transacionáveis.
Já não sei que interlocutor questionou Trigo Pereira se quem integra a UTAO não lhe merece crédito e ele respondeu lapidarmente que existem cá fora economistas de tão ou maior valia dos que estão nessa unidade da Assembleia da República, capazes de lhe analisarem os erros de apreciação do Orçamento. Só não conseguem é competir com igual eficácia à capacidade da UTAO ver  divulgados os seus erros tão profusamente por toda a comunicação social.
Mas, já de manhã, António Costa pusera Passos Coelho entre a espada e a parede para confessar se tinha tido ou não o mesmo discurso em Portugal e em Bruxelas relativamente à duração - permanente ou temporária - de algumas das medidas agora revertidas pelo atual Governo. É que, sendo temporárias, não poderiam contar para o tal défice estrutural, que Bruxelas insiste em ser bastante mais exigente do que com o governo anterior.
Quer isto dizer que António Costa estará condenado a cumprir o mesmo calvário já conhecido por Tsipras? Claro que não! Por um lado a Comissão Europeia, com muitas das posições assumidas por Juncker, já deu trunfos bastantes a Centeno para sustentar uma sólida argumentação na resposta à carta a enviar neste fim-de-semana. Mas, é admissível que, para não perder a face, Bruxelas solicite algum recuo a Costa e para o qual ele, como bom negociador, já se precaveu.
O importante é contarmos hoje em Portugal com um governo para o qual a prioridade será sempre o cumprimento dos compromissos firmados com os seus cidadãos. 

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