quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Perante uma guerra perdida, as direitas agitam-se em táticas de guerrilha

O dia político de ontem foi norteado pelas réplicas do sismo matinal ocasionado pela ministra da Justiça, quando deu, em entrevista, a sua interpretação sobre a inelegibilidade de Joana Marques Vidal para um novo mandato à frente da Procuradoria Geral da República. No debate quinzenal logo o tonto líder parlamentar laranja espumou de raiva perante a possibilidade de ver as direitas espoliadas de um dos seus mais poderosos seguros de vida dos últimos anos.
Sem nada de substantivo a propor para a melhoria da vida dos portugueses esta é a direita que subjaz à sua degenerescência incurável: defender cada um dos seus derradeiros bastiões com a noção de cada batalha perdida significar a guerra decidida em seu inevitável desfavor.
Resta-lhe a opção pela guerrilha de suposto desgaste do atual governo, consumada pela generalidade da imprensa escrita e audiovisual em conluio com muitas páginas das redes sociais, que tomam os métodos dos trumpistas como modelo e se esforçam por criar sucessivos fake news, mesmo que eles não durem mais do que um par de dias.  Quem ainda perora sobre a Raríssimas? Quanto tempo perdurará o falso assunto dos bilhetes de futebol solicitados por Centeno?
No Expresso, Daniel Oliveira alerta para o quanto essa estratégia das direitas possa ter consequências gravíssimas na nossa Democracia: “Nada chega a ficar realmente na memória, mas fica o incómodo, a sensação de que se está rodeado de iniquidade e corrupção. Uma sensação que não só degrada a democracia, como qualquer possibilidade de vivermos em sociedade.
As direitas contam, igualmente, com Marcelo, mesmo que ele tenha restringido nestes dias o contínuo afã em distribuir afetos e selfies por quem lhe passa ao alcance. No «Público» o investigador António Costa Pinto diz o óbvio: “Marcelo é um Presidente populista-institucionalista, mas se reconhece não existir a vontade em criar um partido à sua imagem e semelhança, não deixa de constatar quanto essa atitude visa reforçar os seus próprios poderes, que a Constituição limita.
Os objetivos das direitas também se procuram cumprir com a cooptação para o seu campo dos que a comunicação social insiste em colocar no dos adversários socialistas. A propósito da indigitação de Luís Amado para um bem remunerado tacho na EDP, quem ainda acredita na sua identificação com o Partido de que terá sido militante e através do qual chegou a ministro?  Desde os tempos em que tanta afinidade revelou com as políticas de Passos Coelho, que a nova marioneta dos interesses chineses em Portugal, nada tem a ver com os anseios dos socialistas.
Uma referência final para o texto de Mariana Mortágua no «Jornal de Notícias» de ontem. Pese embora a forma irritante como Catarina Martins se dirigiu a António Costa sobre o assunto, a sua parceira bloquista tem toda a razão quando escreve: “Nos EUA há 46 milhões de pessoas que não têm um seguro de saúde. Se adoecerem, a solução será vender o que têm, ou endividar-se, para poderem pagar as astronómicas contas do hospital. Se não conseguirem, ninguém as tratará. Há poucas pessoas em Portugal que tenham a coragem de defender o modelo dos EUA. Mas é para lá que nos levam todas as medidas que, ao longo dos anos, foram enfraquecendo o SNS e transferindo cada vez mais competências para os privados.
Daí que façam todo o sentido as propostas agora apresentadas por João Semedo e António Arnaut para devolverem ao SNS a relevância, que chegou a ter antes de se tornar moda a tese de um ex-deputado do CDS para o qual “quer quisesse saúde deveria pagá-la”. Aos que a terão privatizado em seu benefício, entenda-se...

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