terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Bipolaridades ou manipulações inconsequentes?

O ano de 2018 abre-se sob os melhores auspícios para quem defende a atual maioria parlamentar e confia no trabalho competente do governo: para quase todos os portugueses fica a certeza de verem desde já melhorados os rendimentos, sejam eles provenientes de salários ou de pensões. Para quem sofreu as humilhações e os custos decorrentes da vinda da troika e das políticas por ela inspiradas (ou concretizadas sob o seu chapéu-de chuva protetor!) só pode haver razões para confiar na solução política acordada por António Costa, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins em novembro de 2015 e com efeitos inegavelmente positivos desde então. Quantas pastilhas para a azia tiverem de engolir os que esperavam rotundo fracasso ao fim de alguns meses?
Dois artigos agora publicados alertam, porém, para a forma como essas expetativas continuam a ser ativamente sabotadas pela informação publicada. Num deles Daniel Oliveira conclui que nunca se viu um governo tão mal visto pelos jornais e pelas televisões e tão apoiado pela opinião pública. Razão para isso é simples: porque os sucessos do governo têm sido particularmente sugestivos na Economia, os detratores tentam separar esta da Política, como se ambas não exercessem uma na outra um efeito mutuamente condicionador.
Para quem dirige a (des) informação nos jornais, nas rádios e nas televisões, a Política cinge-se aos papéis roubados ou copiados aqui e ali, a conversas telefónicas supostamente enquadráveis no que deveria ser salvaguardado pelo segredo de Justiça e ao diz que disse, que acrescenta um ponto a quem iniciara o conto e garante, em poucos dias, que algo conotável com o oito pareça dimensionar-se pelo oitenta…
No outro texto, assinado por Manuel Carvalho da Silva, alude-se ao quanto as direitas vêm beneficiando da aparente bipolaridade do país, ora exultante com o crescimento económico, ora  esmagado pela dimensão trágica dos incêndios. O que  não tem sido devidamente incutido no imaginário coletivo nacional é que o crescimento económico, responsável pela criação de emprego, pela redução do desemprego e pela melhoria dos rendimentos das famílias resulta das políticas acordadas pelo Partido Socialista com os da demais esquerda parlamentar e muito competentemente implementadas, enquanto os incêndios decorreram de causas vindas de muito longe, com responsabilidades atribuíveis a entidades públicas e privadas, com resolução só possível daqui a uns bons anos.
Se o otimismo se justifica é por não haver indícios fortes quanto à probabilidade de os eleitores se virem a enganar sobre quem verdadeiramente lhes defende os interesses. Por muito que se mantenha organizada uma barragem de fake news e de notícias distorcidas ou maliciosamente apresentadas para o prejudicarem, é sucessivamente demonstrado pelas sondagens, que os «jornaleiros» falam, falam, mas não dizem nada de substantivo. A caravana do governo continua imparável em direção a um futuro mais radioso.

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