domingo, 31 de dezembro de 2017

Uma resposta ´comunicacional, que ainda tarda

O ano acaba com as direitas barricadas nos órgãos de (des)informação a acossarem o governo com dois tipos de estratégia: a primeira consiste em empolar até à náusea o papel de Marcelo na sociedade portuguesa, como se o governo lhe estivesse subordinado (a tese de que nada possa fazer sem primeiro o avisar ou informar!), e por isso mesmo tudo quanto de bom venha acontecendo seja obra do presidente e não da equipa ministerial de António Costa apoiada pela maioria parlamentar. A segunda consiste em manipular e deturpar pequenos factos de forma a empolá-los como se se tratassem de questões determinantes para a vida dos portugueses e apresentando-os como prova da incompetência, de má-fé ou de desonestidade do governo. No essencial pretendem criar a sensação inconsciente de Marcelo ser responsável por quanto de positivo muda na vida das pessoas, constituindo o governo o fautor de todas as dificuldades, que ainda possam sentir.
Surge assim com toda a naturalidade a designação de Marcelo como personalidade do ano, quando nenhum dos seus abraços, beijos ou selfies contribuíram um cêntimo que fosse para que a economia e as finanças públicas tenham evoluído tão favoravelmente e todos os indicadores se apresentem num tom verde alface. Se, para além de António Costa, haveria quem merecesse a distinção, esse seria naturalmente Mário Centeno.
Infelizmente, nem o  governo, nem o conjunto da maioria parlamentar, conseguiu encontrar uma forma eficaz de combater a propaganda das direitas. O desaforo destas atinge tal dimensão que, sem que tenha sequer ainda acontecido o Aeroporto do Montijo, já lançaram uma petição para que não lhe seja dado o nome de Mário Soares e a que já nove mil tratantes apuseram a assinatura.
Será que essa honra é merecida por um efémero primeiro-ministro cuja única ligação possível com a aeronáutica nacional foi ter morrido após breve voo? Ou deverá ser preferencialmente atribuída a um político, não só determinante para a instauração da Democracia e do desenvolvimento do país, como o fez atrativo para os progressivos milhares de viajantes, que foram tornando a Portela cada vez mais exígua?
E que dizer da campanha crapulosa relativamente à Agência Lusa, primeiro lançando nomes ao acaso para condicionar quem o governo viesse a convidar para a presidir e depois conotando um dos nossos melhores jornalistas com uma partidarização de que ele nunca deu provas de subscrever?
Enquanto não ajusta o calendário eleitoral para coincidir o julgamento de José Sócrates com a proximidade das eleições legislativas e europeias as direitas aproveitaram agora a alteração à lei do financiamento dos partidos para atacar violentamente o Partido Socialista. Fazem-no porque está-lhes na índole o ataque a  todos os partidos, ciente das vantagens de contar apenas com um único que se preste a servir de trampolim para todas as decisões pretendidas pelos que delas fazem seus instrumentos de poder, mas também porque sabem da condição muito complicada vivida pela situação financeira do partido do governo que, sem as receitas de uma Festa do Avante e sem qualquer Jacinto Leite Capelo Rego, não consegue ter receitas bastantes para competir em marketing político quanto elas conseguem.
Daí esta guerra de jornais, televisões, candidatos à liderança do PPD e, sobretudo de Cristas (cujo despudor de nem sequer pagar renda, nem IMI pela sede de Lisboa, propriedade do seu cúmplice Patriarcado, a leva a exprimir indignações de falsa virgem virtuosa), contra uma nova lei, que Marcelo muito prestimosamente vetará. E muitos ingénuos foram levados pela tese de haver aqui uma conspiração partidária para «se encherem», para explorarem o «pobre contribuinte».
A demagogia atingiu por estes dias uma dimensão calamitosa e os eleitores que deveriam pugnar por uma Democracia mais justa e fiável, deixam-se enganar por quem torpemente faz deles livre pasto para as suas ruminações tenebrosas. 

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