segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Uma visão alternativa à proposta de regeneração da Política

A propósito do texto «A importância de regenerar a Política», o atento amigo Jaime Santos redarguiu com um comentário, em que reitera a crença na social-democracia como orientação política passível de melhor responder aos desafios presentes e a rejeição de qualquer proposta fundamentada na análise marxista, que tenta ser a minha, porque a pressupõe inevitavelmente eivada de derivas totalitárias.
Obviamente que no essencial pretendemos o mesmo - uma sociedade menos desigual e com pleno usufruto das liberdades fundamentais (anote-se que a dos mercados não conta para esta convergência!) - mas as formas de a alcançar são diferentes. 
Porque essa visão alternativa tem obviamente grande pertinência aqui a transcrevo com a subdivisão em alguns parágrafos para facilitar a respetiva leitura:
“A Utopia original de Moore correspondia a uma sociedade gerida à custa de engenharia social em que nem eu nem o meu caro por certo gostaríamos de viver. E as Utopias que se lhe seguiram não andaram longe disso. Se for preciso matar no presente em nome do futuro, faça-se, como bem ilustra o exemplo da Revolução Russa de Outubro, de que agora 'celebramos' o centenário.
As instituições do Liberalismo Político, onde se insere a Social-Democracia, pelo contrário, aceitam o caráter contingente e falível da ação política, procurando dividir o poder de modo a evitar abusos, característicos da nossa natureza humana. É isso que hoje à Direita e à Esquerda está sob ataque, pois os diversos ramos do Populismo desejam substituir a nossa Democracia Liberal e os seus 'checks and balances' por uma 'Democracia Maioritária' onde o Povo é, claro está, sempre representado por um qualquer homem forte (excluo Sanders dessas tentações, porque ele na realidade é um bom social-democrata e nada mais do que isso). Fazem-no utilizando o argumento de que as instituições que temos foram capturadas por uma elite económica, o que é em parte verdade, só que isto foi de facto sempre assim.
O que torna as ditas instituições vulneráveis é o acumular de crises (financeira, económica, de refugiados, no Médio-Oriente). Por isso, todos os autocratas em potência veem chegada agora a sua hora.
Parece-me que foi Frank Herbert, no seu Dune, que disse que todas as formas de Governo tendem a evoluir na direção da oligarquia. Estamos talvez a assistir aos primeiros passos das democracias ocidentais nessa direção…”

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