segunda-feira, 10 de julho de 2017

A «Ética» dos loucos furiosos

De repente, ao acaso das coisas por que vou passando nos ecrãs disponíveis, dou com um noticiário da SIC Notícias em que estava a ser entrevistado um dos militares na reserva, que convocara a deposição das espadas aporta do Palácio de Belém. Afinal, pelas suas próprias palavras vimos confirmado o que já presumíramos: o movimento integrava ele próprio e mais dois amigos, não tendo qualquer semelhança com a dimensão conferida pelos meios de comunicação sobre um quase levantamento militar.
A confirmação dessa ilação não exclui, porém, a surpresa, quando reprimi o impulso para zappear. É que o discurso do indivíduo nem sequer chegava a ser reacionário como esperaria. As suas palavras revelavam um tal estado de loucura, que qualquer psiquiatra recomendaria a entrada imediata num manicómio, com internamento compulsivo no pavilhão dos loucos furiosos.
É esta criatura quem personificaria a suposta contestação militar ao governo e ao Chefe do Estado Maior do Exército? Ficámos esclarecidos, como o terão ficado os entrevistadores que, constrangidos com o conteúdo surreal do que ouviam, procuraram acabar com aquele momento o mais depressa possível. Se alguém lhes propusera uma peça jornalística, que ajudaria a «enterrar» o governo, devem ter sentido o tiro a ricochetear-lhes.
Estaríamos bem servidos se o figurão em causa tivesse algum poder para decidir sobre que Portugal queremos e que padrões éticos e morais nos forçaríamos a respeitar. Consultando a net encontrei, entretanto, algumas informações adicionais sobre o alienado: antigo paraquedista, anda supostamente a dar umas preleções sobre «Inteligência Emocional» e «Neuroliderança». Isso mesmo; se há doidos que se fazem passar por Napoleão, calhou-nos na rifa um que se toma por guru das regras morais. Por onde o adivinharmos é melhor contar com um colete de forças por perto.
O episódio merece, porém, uma reflexão adicional: são os próprios jornalistas quem, na ânsia de cavalgarem uma onda anti governo, que já se pressente estar prestes a morrer na praia, a enredarem-se no seu próprio ridículo. Porque tão idiota foi o entrevistado, como quem tratou de o colocar perante as câmaras.

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