sexta-feira, 30 de junho de 2017

Uma megera, um munícipe com tiques fascistas e um falso psicólogo

1. Afinal, depois de um debate quinzenal morno, o PSD lançou um ataque feroz no dia seguinte pela boca de Teresa Morais, que ainda deve estar com azia de ter visto chumbada a sinecura para que o seu Partido a queria projetar com o voto da Assembleia da República. Não conseguindo presidir ao Conselho de Fiscalização das Secretas a deputada de Leiria apressou-se a demonstrar à saciedade uma das razões fundamentais por que era inadequada para tal cargo. Em vez de sentido de responsabilidade e parcimónia nas declarações, agiu com a fúria de uma divindade grega. Ora, de entre as várias erínias, não a conseguimos enquadrar na lógica da vingança - o que justificaria crismá-la de Nemésis -, nem de castigo - chamá-la-íamos então Tisifone -, nem mesmo do inominável - seria Alecto.
Assim sendo, e se há Fúria grega que lembra com o seu discurso, é a deusa do rancor. Fica, pois, e com toda a propriedade, como Megera.
2. Sempre senti incómodo com a coligação pós-eleitoral que o Partido Socialista fez com Rui Moreira no município do Porto. Engoli, mas não me soube bem, apesar do agrado aparentemente sentido por Manuel Pizarro e pela Distrital com essa solução. A rutura veio, pois, ao encontro da forma como entendo aceitável a conduta socialista. Porque Moreira, além de personificar um Porto elitista, sem legítima ligação à maioria dos que vivem na cidade, tem tão óbvios tiques fascizantes, que tê-lo como parceiro só pode significar justificado incómodo com muitas das suas atitudes.
O que está a acontecer com os cartazes do Bloco de Esquerda para as autárquicas só pode justificar a indignação não só dos militantes do partido em causa, mas também de todas as pessoas de bem, que não se reconhecem na intimidação, na busca de argumentações judiciais para dificultar o trabalho político dos adversários.
A ação posta em tribunal pelo Movimento de Moreira para que os cartazes em causa sejam proibidos por utilizarem graficamente o símbolo da autarquia só pode configurar o que vai na cabeça dos queixosos: eles julgam que a Câmara é deles e não dos cidadãos da cidade, que a ela concorrem como candidatos.
3. Pelas redes sociais fui tomando nota de um nome, o de Quintino Aires, que me descreviam como o tipo de troglodita, demasiado obsoleto para ser levado em conta, mas cujos desaforos mediáticos suscitavam o espanto por se julgar impensável haver quem pense, quanto mais diga da boca para fora, o que se torna motivo de escárnio, mas também de indignação pública.
Agora terá invocado um estudo científico - que obviamente não chega a especificar! -para asseverar que 75% dos consumidores de cannabis têm relações com parceiros do mesmo sexo. Esta afirmação, que em si nada tem de substantivo, busca estigmatizar na mesma toleima os consumidores de drogas leves e os homossexuais, procurando fácil sucesso junto do público mais preconceituoso, que se estupidifica a ver tais programas. Tempos atrás o mesmo «psicólogo» cuidara de alimentar o mesmo tipo de ódio para com os ciganos.
Quem veio logo em socorro do energúmeno foi a TVI, argumentando com supostos princípios de Liberdade e de Democracia, quando mais não faz com as suas emissões do que espezinha-los constantemente.
Uma Comissão Reguladora da Comunicação Social, que fosse competente e se respeitasse, deveria abrir sucessivos processos ao canal de Queluz de Baixo, ponderando até na justeza, ou não, de manter a licença para continuar a emitir tanta sordidez.

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