quarta-feira, 7 de junho de 2017

Uma greve mais do que discutível

Um amigo que é médico escusou-se a fazer a greve decretada pelo seu sindicato algumas semanas atrás. Para ele a questão era evidente: se durante quatro anos o governo anterior precipitou o Serviço Nacional de Saúde num intencional aprofundamento da sua crise, com o óbvio fito de favorecer quem enche os bolsos com a medicina privada, qual a legitimidade de agora pôr em causa quem procura inverter esse paradigma, mesmo não tendo ainda os meios para o fazer? Tanto mais que, em gestos concretos, o atual governo já deu provas de inverter a maioria das políticas seguidas pelo anterior, reduzindo as desigualdades e voltando a valorizar o papel do Estado nas grandes políticas nacionais.
Que os magistrados façam greve ainda compreendo: há muitos anos que eles perderam o respeito ao julgarem-se em condições de serem mais do que os ajuizadores dos crimes perpetrados na nossa sociedade. Não disse um dos seus líderes, que o novo século seria o da assumpção do poder por quem manda na Justiça?
Ao selecionarem politicamente quem decidem investigar e ao procurarem punir políticos de esquerda enquanto deixaram incólumes os que indecorosamente enriqueceram à pala da compra dos submarinos, da falência de sucessivos bancos e das privatizações promovidas pelas direitas, demonstraram a pouca fiabilidade do valor que mais deveriam exigir para si mesmos: a probidade.
Mas, que dizer da greve dos professores? Que é politicamente orientada apenas para que Mário Nogueira e a CGTP deem sinais de vida não restam quaisquer dúvidas! Que as autárquicas pressupõem que os comunistas se dissociem tanto quanto possível do governo, sem o chegar a pôr em causa, também é mais do que certo!
Justifica-se, porém,  tal ação, sobretudo no iminente momento em que irão decorrer os exames nacionais? Obviamente que não e julgo que a maioria dos portugueses que apoiam este governo não a podem entender. Porque aquilo que aquele meu amigo médico decidiu continua a fazer todo o sentido!

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