segunda-feira, 19 de junho de 2017

A tragédia em três conclusões provisórias

Sobre a tragédia de Pedrógão Grande já se disse tanto disparate, que importa sintetizar três conclusões imediatas, sem prejuízo de outras, que as circunstâncias vierem a justificar.
A primeira diz respeito à alarvidade de uns quantos, que insistem em atribuir ao Estado as culpas do sucedido, como se fosse ele o responsável por fazer a manutenção das matas e florestas atingidas pelo fogo. Ora, de uma vez por todas, importa sublinhar que o Estado só é proprietário de 2% do espaço não urbano do território. E, sem prejuízo das iniciativas já em curso para identificar  os proprietários de todos os 98% remanescentes - e responsabilizá-los! - podemos imaginar o escândalo, que se levantaria por parte de Cristas se a solução fosse a expropriação sem indemnização de todos os terrenos abandonados ao seu estado selvagem? Não faltaria ouvi-la no seu característico estilo de «peixeirada» a zurzir contra a violação dos direitos de propriedade dos expropriados!
A segunda refere-se à crescente frequência de situações meteorológicas extremas, também entre nós, por causa de um aquecimento  global contra o qual tardam medidas determinadas e eficazes a nível internacional. Temperaturas e humidades como as agora verificadas, e em pleno mês de junho, tenderão a ser o nosso novo «normal». Com a agravante de todo o território estar convertido num barril de pólvora com todo o combustível (particularmente dos eucaliptais), que grassam de norte a sul.
A terceira e última tem a ver com a facilidade com que estas matérias noticiosas dão azo à manifestação do que os portugueses têm de pior na sua natureza. E não é apenas a reportagem de Judite de Sousa a demonstrá-lo com particular acuidade. Que dizer dos comentários venais de quem nas direitas viu a oportunidade para forçar a queda de uma ministra sem mácula na esperança de, fazendo tombar a primeira, o governo no seu todo acabasse por cair como se tivesse a «solidez» de um castelo de cartas. Ou - isto ainda mais me custa! - a atitude de muitos socialistas que ainda inconformados com a derrota do seu ex-líder ou o que entenderam ser o insuficiente apoio ao seu ex-ex-líder aproveitaram para ajudar à «festa», pondo os seus azedumes acima da desejável sensatez.

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