sexta-feira, 5 de maio de 2017

A inconsequência de quem desconhece o sentido da coerência

Quem se deu ao trabalho de ver o debate entre Macron e Le Pen teve a oportunidade de ver um bom exemplo da recente tendência na moda do discurso político, que resultou no Brexit, na vitória de Trump e noutros êxitos relativos da extrema-direita fascista na Áustria ou na Holanda: a candidata fascista levava dos seus coachers a indicação de manter estático um sorriso falso, espécie de escudo para, detrás dele, lançar as maiores mentiras e suspeições sobre o adversário.
Convenhamos que, tão falhos de argumentos quanto ela, Passos e Cristas, muito ainda têm de aprender para lhe chegarem aos calcanhares, porque toda a sua estratégia discursiva, assente no mesmo tipo de incoerências facilmente desmontáveis pelos mais instruídos, ainda não consegue ser proclamada com aquele ar convencido de quem acaba de inventar a pólvora. Até mesmo a líder pêpista fica aquém do objetivo por muito que pareça, às vezes, estar em acelerada preparação para o mester de peixeira.
Neste momento, esgotado o folhetim António Domingues, a nova bête noire das direitas passou a ser Paulo Macedo, apesar de ainda não terem passado dois anos sobre as muitas ocasiões em que todos eles tinham confraternizado à mesa do conselho de ministros.
O atual administrador da CGD deverá estar a passar por grave problema de identidade: ideologicamente homem das direitas, vê-se agora na trincheira contrária e a ser vítima de «fogo amigo». E enquanto os novos amigos o levam nas palminhas, os de antigamente não fazem a coisa por menos: exigem-lhe desculpas ao «povo» ou que se demita.
Claro que as direitas lançariam foguetes se esta administração da Caixa Geral de Depósitos voltasse a cair. O intento de a destruírem para a entregarem por tuta-e-meia aos amigos do costume ainda não se lhes desalojou das cabeças.
Mas, tal como a história dos sms’s já deu o que tinha a dar, também este súbito episódio com epicentro em Almeida seguirá o mesmo rumo. Para desgosto de quem gostaria torná-lo numa pequenina fresta por onde o tal Diabo pudesse passar.
Perspetivam-se mais tempos difíceis a quem mérito não mostra para lhes ser resiliente.

Sem comentários:

Enviar um comentário