terça-feira, 7 de março de 2017

Sete razões que poderão não bastar

No Parlamento Catarina Martins já questionou António Costa quanto ao número necessário de falhas graves do governador do Banco de Portugal para lhe dar o devido trato. Razão para Nicolau Santos ter sistematizado sete na sua crónica de ontem no «Expresso». Ei-las aqui resumidas:
1. Carlos Costa não foi suficientemente lesto a afastar Ricardo Salgado do BES, quando tinha informações bastantes para tal. Se o Grupo Espírito Santo estava condenado, o seu Banco poderia ter sido salvo.
2. não impediu Ricardo Salgado de lançar a operação de aumento de capital no valor de mil milhões de euros que, dois meses depois, se tinham evaporado;
3. fez perder milhares de clientes ao Novo Banco ao permitir que Comissão Europeia dele se servisse para testar o seu modelo de resolução numa grande instituição financeira da zona euro;
4. deixou-se pressionar por Passos Coelho a decidir-se pela venda rápida do Banco antes das eleições de outubro de 2015, desdizendo-se perante Vítor Bento a quem nomeara com a garantia de lhe dar três anos para o recuperar;
5. anunciou que o Novo Banco iniciava a atividade com um capital de 4900 milhões de euros livre de quaisquer ónus ou créditos duvidosos. Agora já há a somar 3 mil milhões de euros em prejuízos e 2,5 mil milhões em créditos duvidiosos segundo os cálculos da Lone Star;
6. prejudicou seriamente o país, que quase se tornou um pária na imprensa e nos canais financeiros internacionais por ter canalizado para o banco mau as cinco emissões obrigacionistas de dívida sénior.  Essa sua decisão explica a dificuldade do atual governo em conseguir o regresso de grandes investidores internacionais à nossa economia.
7. convenceu Vitor Gaspar a aplicar 1,1 mil milhões de euros no Banif, apesar de o saber inviável, e permitiu o envio para Bruxelas de oito propostas de reestruturação todas chumbadas, mas que serviram a Maria Luís Albuquerque para ir empurrando a resolução do problema para quando já ele não lhe caísse em cima.
É verdade que ninguém acredita na possibilidade de o ver demitido pelo governo, porque ele sabe-se protegido pelos pares do BCE e do FMI. Mas, mesmo tendo de o suportar até ao final da legislatura, o atual governo poderá tê-lo suficientemente fragilidade para que não cause maiores danos.
O que não poderemos deixar de lembrar é a responsabilidade de Passos Coelho em reconduzi-lo, quando nada o justificava. Tanto basta para o fazer conivente das tais faltas graves de que Carlos Costa não se livra por muito que  tente imitar Núncio na pose de angelical criatura injustamente ameaçada de degola.

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