quarta-feira, 22 de março de 2017

Figurantes sem espaço na paisagem

Há por aí muita gente que está morta politicamente, mas ainda não deu por isso. Apesar de serem mais do que muitas as evidências nesse sentido.  Um deles é Jeroen Djesselbloem com o qual já não vale a pena gastar mais latim tão viral se tornou a indignação institucional e as das redes sociais contra as infames afirmações com que insultou os países do sul da Europa.  Quando se trata de encontrar explicação para o abrupto desastre dos sociais-democratas holandeses nas eleições da semana transata, basta considera-lo como um dos seus rostos maiores: não são só as vítimas europeias do austericídio de que ele foi um dos principais entusiastas a execrá-lo. Os compatriotas devotaram-lhe idêntico sentimento de rejeição.
Outros zombies a carecerem de golpe de misericórdia são os velhos fascistas do PNR ou a reciclada versão dos que quiseram promover e promover-se à pála de Jaime Nogueira Pinto.  O confronto verbal de ontem na FCSH constituiu o ligeiro sobressalto de um vulcão em vias de extinção. É que, por uma vez em muito tempo, Clara Ferreira Alves acertou em recente crónica, quando lembrou exaustivamente o que significaram os sinistros anos do salazarismo, que tais trogloditas insistem em sacralizar.
Idêntico definhamento conhecem os que, nas direitas, andam sempre à espera de notícias, que lhes aticem a pálida ilusão quanto a recuperarem o «pote». Mas ele vai ficando sempre mais distante, seja porque a descida do desemprego conhece ritmos desconhecidos há quase três décadas seja porque a atividade económica em fevereiro confirma a dinâmica do crescimento dos meses mais recentes. Com tal cenário quem, senão apenas os indefetíveis, acedem a servir de cordeiros à expectável degola de outubro?
Penosa vai sendo a tarefa dos opinadores das direitas nas várias televisões: por mais imaginativos, que queiram ser, não há criatividade bastante para almejarem escamotear os sucessos da maioria parlamentar.

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