sábado, 18 de fevereiro de 2017

Passarinhos e passarões

1. Uma das notícias mais importantes da semana foi a do anúncio do novo aeroporto no Montijo para o qual Marcelo já sugeriu um nome incontornável: Mário Soares.
Trata-se, porém, de um remendo para solucionar um problema tido como incontornável na época do governo de José Sócrates e para o qual se inventaram mil e um obstáculos para que não fosse por diante. Quem pode esquecer os urubus, muitos dos quais ainda por aí andam como comentadores encartados, que diziam extemporânea essa necessidade, porque a Portela ainda poderia bastar por muitos e bons anos?
Viu-se o resultado: cinco anos depois não há como encaixar nas disponibilidades do atual aeroporto todos os voos potencialmente previstos para nele aterrarem ou dele partirem.
O país não se consegue livrar dos resquícios do salazarismo, que fizeram travar a Ponte sobre o Tejo por décadas e igualam tal feito com o novo Aeroporto. Porque ir-se-ão gastar quase 600 milhões de euros numa obra que mitigará o problema, mas o não resolverá a médio prazo. E quando o  novo aeroporto custaria mil milhões de euros!
Esta última hipótese gorou-se, porque Passos Coelho privatizou a ANA e deu aos franceses da Vinci a gestão de todos os aeroportos nacionais por 50 anos, tornando-os parte fundamental da solução para novas instalações portuárias. Ora esse concessionário cuidará de garantir o mais rapidamente possível o retorno do seu investimento - existem contas a provar que ao fim de dez anos já o terá recuperado, sendo os demais quarenta de lucros líquidos! - e de minimizar todas as intervenções a que está obrigado por contrato. Por isso nem lhes passaria pela cabeça investirem num novo aeroporto se têm uma solução mais baratinha como a agora gizada.
Se isto não comprova o autêntico crime cometido pelo governo anterior contra os interesses nacionais, que mais seria necessário para o comprovar? Mas para quem tiver dúvidas podem-se pegar em todos os demais exemplos - REN, CTT, etc. - que são eloquentes exemplos de como Passos Coelho não tem qualquer razão para usar o pin na lapela, tão antipatrióticas se revelaram as suas políticas!
2. Nunca encontro grandes motivos para elogiar Marcelo Rebelo de Sousa, mas este fim-de-semana encontrei a exceção para confirmar a regra: os comentários venenosos contra Cavaco Silva a propósito do vómito em forma de livro por este apresentado na quinta-feira. Constituem crítica mais contundente do que a defesa da honra intentada por José Sócrates. É que se o texto do principal visado pela prosa cavaquista poderá ter escapado a muitos dos que o condenaram apressadamente sem provas, as palavras de Marcelo terão caído fundo na atenção da maioria dos portugueses.
3. Mas, porque de Marcelo mais vale não deixar latente apenas o elogio, insista-se numa dúvida pertinente: sendo Marques Mendes e Lobo Xavier seus conselheiros, como entendê-lo ilibado da atividade anti-CGD a que eles se vêm dedicando há vários meses?  Que sentido têm a suas afirmações de apoio à  estratégia de recapitalização se os seus diletos amigos insistem em sabotá-la?
4. O último comentário tem Assunção Cristas como protagonista já que o «Expresso» anunciou o seu pedido de audiência a Fernando Medina. Para quê, não se sabe! Mas podemos adivinhar: se há algumas semanas andou a pedir aos munícipes, que lhe dessem ideias arejadas para o seu programa, será que face à indiferença dos destinatários, irá junto do atual edil à procura daquelas que ele tenha de sobra para lhas dispensar de forma a evitar a vergonha de se candidatar sem nada para propor?

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