sábado, 12 de novembro de 2016

E voltamos à velha questão: agora, com Trump, que fazer?

Não é que a revista «Economist» seja daquelas que melhor se enquadrarão nas que, ideologicamente, me definem, mas está certa quando, a propósito da eleição de Trump considera ter ela ocorrido por ainda ser insuficiente a coligação dos liberais com formação superior, dos jovens e das minorias cujo peso demográfico vai crescendo na exata proporção do recuo dos brancos protestantes.
Na mesma contestação de políticas congeminadas e coordenadas com os mais importantes potentados económicos, o eleitorado de Bernie Sanders é o futuro e o de Trump é o passado. Uns olham para a frente, para a sociedade resultante da economia digital, enquanto outros prendem-se a uma ideia mistificada e falsa do que a América nunca foi. E com a diferença de a contestação dos primeiros aos centros de poder em Washington e Wall Street ser genuína e a dos segundos uma farsa como se constata desde já com os nomes adiantados para a nova Administração.
Onde o «Economist» mais acerta é no desafio que coloca ao que hibridamente se considera o centro-esquerda e onde se englobam socialistas e sociais-democratas. A revista inglesa interroga-se se faz sentido combaterem os opositores juntando-se a eles, e essa é a  pergunta à qual o nosso atual governo está a dar eloquente resposta. Ao contrário da pequena corrente liderada por Francisco Assis, os factos demonstram não fazer sentido tomar por nossas - à esquerda! - as ideias das direitas. A regra é a dos eleitorados sempre optarem pelos genuínos defensores de quem as representa e não pelos seus absurdos imitadores.
As esquerdas têm de representar a rutura e a mudança, mobilizando os eleitorados para os modelos que sejam exequíveis para a sua visão de uma sociedade mais justa e menos desigual. E têm de ser hábeis pois as direitas contra-atacá-las-ão com uma parafernália de argumentos demagógicos, sem escrúpulos e mais fáceis de serem assimilados pelas faixas sociais mais desprotegidas quanto aos conteúdos com que as matraqueiam.
Por isso mesmo há vários combates urgentes a levar por diante: aumentar a influencia dos ideais das esquerdas nas redes sociais, cuja importância se sobrepõe cada vez mais aos meios de comunicação convencionais e nelas impor argumentos consistentes, que contrariem as propostas das direitas, cujas soluções para um capitalismo em crise são e serão ineficazes.
Para já estejamos atentos ao que significará a Administração Trump e detetamos tudo quanto nela nega a sua suposta oposição aos grandes interesses económicos e a suposta eficácia de medidas de injustiça fiscal. 
keith haring

Sem comentários:

Enviar um comentário