segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A social-democracia morreu! Viva o socialismo!

Os resultados eleitorais na Galiza, no País Basco e no Partido Trabalhista britânico só confirmam o que já se vem sabendo há algum tempo, desde que o Pasok grego foi reduzido quase à insignificância grupuscular.
Apesar de sempre lhe preverem fracassos na sua liderança, Jeremy Corbyn vai  confirmando-a sempre com o apoio das bases do Partido e contra essa falaciosa Terceira Via, que representou o estertor da social-democracia.
Vira-se com António Costa em Portugal: ou os partidos socialistas perdem a vergonha de o ser, e retomam o eixo teórico do que presidira à sua fundação - o marxismo - ou afundam-se tão inapelavelmente quanto os nossos vizinhos do PSOE acabam de comprovar neste fim-de-semana.
Perante a agudização das desigualdades suscitadas por um capitalismo definitivamente comandado por quem o financeirou, e esse poder quase absoluto de só facilitar crédito a quem se comportar com submissão, negando-o aos recalcitrantes, a resposta só pode ser firme e sem pudores.
Há quem venha acenar com os riscos de totalitarismo e de repetição do sucedido no Leste Europeu entre 1917 e 1989, mas quem invoca esses fantasmas ou é ignorante por desconhecer que a História é como um rio cujas águas jamais passarão duas vezes pelo mesmo sítio - e portanto conjunturas diferentes suscitarão implementações diferentes dos mesmos conceitos ideológicos! - ou é desonesto intelectualmente por usar esses  exemplos como papões, que fazem tanto sentido quanto hoje execrarmos o Papa Francisco, porque a instituição de que faz parte tem no passado os nefandos crimes causados pela Inquisição.
Basta ler a elucidativa entrevista com Sérgio Sousa Pinto, no «Expresso» deste fim-de-semana para constatarmos como os defensores da «social-democracia» barricam-se na invocação do bolchevismo ou do sucedido no Verão de 1975 para rejeitarem liminarmente qualquer abordagem de esquerda, muito embora a preguiça mental os iniba de encontrarem qualquer saída viável para o impasse em que se colocou essa mirífica social-democracia. Muito embora não haja quem no mundo académico onde a questão é estudada, encontre forma de ressuscitar o que já está ideologicamente morto.
Atualmente temos de combater dois paradigmas, que nos querem impor nas notícias de telejornal ou nos comentários dos opinadores do costume: se Marques Mendes ou Manuela Ferreira Leite multiplicam-se em banalidades, são apresentados como a «opinião que conta» ou parvoíces similares. Se é a Mariana Mortágua ou o João Galamba a defenderem o óbvio com a maior das sensatezes, aqui d’el-rei que estão a tomar posições «ideológicas». Como se o não fossem todas, à direita ou à esquerda.
Ter ideologia, que equivale a apresentar ideias para transformar esta sociedade, é pecado que não se perdoa a quem as ousa defender. Para os Sousas Pintos ou os Franciscos Assis dentro do PS, ou os Miguel Sousa Tavares nos veículos ideológicos de Balsemão, o mais conveniente é mantermo-nos todos dentro da formatação aprovada pelos que representam 1% da população, e que procuram fazer da classe média a carne para canhão defensora dos seus interesses.
Mas o outro mito, muito semelhante, tem a ver com o ser-se radical. Quem trabalhar para reduzir as desigualdades entre os mais ricos e os mais desfavorecidos, é apodado de radical, enquanto os que pugnam pelo contrário e conseguiram, segundo diversos estudos, aumentar esse fosso entre quem tudo tem e os que mal sobrevivem com rendimentos miseráveis nos quatro anos que desgovernaram os país, são vistos como os moderados, os sensatos, os que servem de bitola para mostrar quão desviados dessa suposta mediana estão aqueles.
Muito há a fazer para alterar a manipulação das consciências que, através dessas habilidades sintáticas, procuram induzir conceções retrógradas na mente dos que mais vigilantes se devem posicionar para não serem iludidos.


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