segunda-feira, 25 de julho de 2016

Queremos a esquerda plural por muitos e bons anos

Na emissão da «Quadratura do Círculo» desta semana Jorge Coelho fez um pedido singelo: que todos quantos têm falado a propósito da situação da banca em Portugal se calem durante oito dias, os suficientes para o governo conseguir do Banco Central Europeu e da Direção da Concorrência em Bruxelas a luz verde para recapitalizar a Caixa Geral de Depósitos.
Compreende-se facilmente o desespero laranja das últimas semanas perante essa possibilidade, chegando ao ponto de encomendar a Marques Mendes uma intervenção de autêntica sabotagem económica contra os interesses nacionais, e sucedendo-se as declarações bombásticas de Passos Coelho ou Maria Luís Albuquerque a acusarem António Costa de ser ainda mais luciferino do que o próprio Lucifer. É que o sucesso do governo nesta batalha significará a derrota clamorosa de quem sempre quis privatizar o Banco estatal e assim limitar ao máximo a capacidade de qualquer futuro Executivo para se livrar das correntes neoliberais.
Daí a importância de toda a esquerda continuar a conjugar-se no mesmo objetivo de vedar o acesso da direita ao poder por muitos anos. Se possível para sempre. Porque tudo quanto foi recuperado nestes últimos oito meses de pouco valeria se os pupilos do sr. Schäuble recuperassem a capacidade de atormentarem a vida dos portugueses.
A esquerda plural tem até muito que fazer em conjunto criando nomeadamente as condições para devolver ao Estado um papel mais determinante na economia, mormente repetindo noutras empresas de referência o tipo de acordos conseguidos na TAP.
Depois de termos tido no BPN, na PT, no BES ou no Banif o desmentido eloquente quanto à falsa superioridade da gestão dos privados em relação à do Estado, é fundamental que este último recupere recursos, que criem as receitas necessárias ao aprofundamento dos seus investimentos na Segurança Social, na Saúde, na Educação ou na Investigação Científica. Ainda na semana transata fui ao Oceanário deparar-me com multidões, que se acotovelavam nos corredores e em frente aos vidros do aquário principal e a darem à família do sinistro Alexandre Soares dos Santos os lucros, que Passos Coelho decidiu roubar ao Estado sem qualquer escândalo público.
Sabemos que as instituições europeias tenderão a ser obstáculos difíceis de vencer, mas nenhum sucesso se revelará possível se nele não porfiarmos. Daí a exigência que o eleitorado dessa esquerda plural em rejeitarem nos líderes dos seus diversos partidos as entropias, que tudo ponham em causa. 

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