sexta-feira, 13 de maio de 2016

Uns andam frustrados, mas a maioria revela confiança no rumo

O debate quinzenal desta manhã confirmou que Assunção Cristas escolheu como estratégia de afirmação pessoal um modelo de comunicação em que faz perguntas, que sabe não caberem ser respondidas pelo primeiro-ministro, mas lhe permitem depois concluir com uma frase definitiva para a qual não terá contraditório. Por exemplo, quando António Costa se escusou a responder-lhe sobre o chumbo às propostas de favorecimento da natalidade pelas bancadas da esquerda, alegando respeitar a autonomia dos grupos parlamentares, que assim decidiram, isso motivou o comentário mentiroso de não ter um pensamento próprio sobre a matéria.
A sucessora de Paulo Portas enfrenta o desafio de evitar o regresso do seu partido à lotação de um táxi, mas dificilmente o conseguirá nesta aparência constante de frustrada sem nada que a satisfaça nesta nova realidade, que devolveu o seu partido à merecida secundarização equivalente à  influência no eleitorado.
A novidade do debate foi, no entanto, o aparecimento de Passos Coelho a assumir finalmente o papel de líder da sua bancada. E tendo dado a Assunção Cristas o papel do «polícia zangado», tomou para si o tom cordato  de quem dá conselhos, mais próprio dos «polícias benevolentes». Aqui e além até sugeriu a falta de experiência de António Costa na função, como se quem se lhe dirigjsse fosse um “amigo” mais velho com legitimidade para lhe dar conselhos. Mas ao insistir na defesa dos contratos de associação com os colégios privados a direita possibilitou as intervenções esclarecedoras de Porfírio Silva e de António Costa, que só os mal intencionados se recusarão a compreender.
Se os indicadores publicados pelo INE confirmam que muito está por fazer para corrigir a rota herdada do anterior governo e direcioná-la de forma a conduzir a sociedade portuguesa a realidades bem mais bonançosas, por ora a direita já tem dificuldades em impor a sua narrativa na comunicação social, que controla, de tal forma as intervenções do primeiro-ministro vão consolidando no imaginário coletivo a convicção de termos um governo, que funciona e vai fazendo o seu trabalho.

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