segunda-feira, 30 de maio de 2016

A fútil passeata ictérica até São Bento

Era então essa a tropa ictérica, que se dirigia para a manifestação de defesa de interesses privados na Educação? Cruzei-me com ela em Alcântara, quando ia para a Cordoaria para o último dia da ARCO em Lisboa e essa procissão de carros e de autocarros com betinhos seguia em sentido contrário para a concentração, que se adivinhava concorrida.
Mas a questão, que se me colocou nesse momento, foi esta: quando for à resposta, marcada para 18 de junho, ainda estaremos em tempo útil para surtir algum efeito? É que o evento deste domingo teve todo o sintoma do misterioso fulgor do moribundo antes de fenecer de vez.
Esgotados os argumentos com imediata rejeição maioritária dos que defendem que quem quer colégios privados paga-os. Abandonados pelos partidos da direita, que nem sequer levantaram a questão no debate quinzenal e se fizeram representar nas escadarias de São Bento por segundas figuras. Desmentidos pelo Tribunal de Contas, que rejeitou a leitura enviesada que tinha sido feita de um dos seus documentos de trabalho. Corrigidos por Marcelo Rebelo de Sousa, que deu conta do incómodo de terem vindo para a rua contar as conversações amistosas, que tinham tido com ele.  Tudo situações, que prefiguram a morte anunciada deste movimento.
A escolha de São Bento até fez lembrar aqueles despeitados, que ali mesmo se concentraram seis meses atrás para protestar contra o derrube do aborto em forma de governo de Passos Coelho. Eles ladraram, ladraram, mas a caravana da Geringonça lá passou avec élégance…
Nesse aspeto António Costa tem revelado uma frieza admirável: sabendo que o tempo corre sempre a seu favor, mormente com o fim do ano escolar, goza antecipadamente a vitória política, que lhe reforça a autoridade.
Dirão os derrotados, que ainda contam com os tribunais, com o cardeal Clemente e com a pressão da aceitação de novas matrículas para os anos do início de ciclo. Mas, que a tal se arrisquem, porque tão-só faltem os cheques das verbas agora recusadas, e ei-los a pressionarem os papás dos petizes para que lhes paguem as devidas propinas. Será interessante constatar que apoio então merecerão dos que ainda conseguiram arregimentar desta vez.
De qualquer forma no dia 18 lá estarei a dar o corpo ao manifesto pela defesa da Escola Pública. Just in case e mesmo sabendo que, com este Governo, ela estará superiormente defendida...

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