segunda-feira, 11 de abril de 2016

Os atuais desafios dos democratas

Vamos aos factos: as democracias europeias não souberam responder eficientemente à crise financeira de 2008 e à globalização subsequente à queda do muro de Berlim. As desigualdades cresceram avassaladoramente e os que entraram mais recentemente no mercado do trabalho só encontraram a precariedade como alternativa a manterem-se indefinidamente no desemprego.
A nível mundial chegámos ao escândalo de 1% dos mais abastados acumularem mais de 50% da riqueza mundial, mais de mil milhões de pessoas vivem com pouco mais de 1 euro por dia e 35 mil pessoas (14 mil das quais crianças!) morrem diariamente de fome.
Após anos de conformismo generalizado com esta realidade, começam a surgir sinais de afirmação de quem quer colocar a qualidade da Democracia como tema prioritário nos nossos dias, com incidência na paz, no desenvolvimento sustentável, no equilíbrio ambiental e na diversidade cultural. 
Como defendia Sampaio da Nóvoa na recente campanha para as eleições presidenciais, aproxima-se um futuro em que só sobreviveremos como Nação se transformarmos a informação em conhecimento e o conhecimento em inovação. Exatamente o inverso do que pretendia impor o ex-ministro Crato ao inserir-se na lógica da direita em como a competitividade só se ganhará com custos baixos e pouca especialização, numa intenção de bangladeshizar o país. Aquilo que Draghi ainda teimou em defender no recente Conselho de Estado...
Hoje o governo do PS apoiado pela maioria parlamentar exprime a urgência de resgatar essa Democracia a quem só a quis limitar ao exercício do voto de quatro em quatro anos, tanto quanto possível manipulado pelas campanhas habilidosas nos órgãos de comunicação detidos pelos que a pretendiam ver menorizada.
Aprofundar a Democracia significa aperfeiçoá-la de forma a que os cidadãos se sintam úteis e influentes na busca das melhores soluções para o bem comum.
No Partido Socialista, onde o salto de gigante dado por António Costa tarda em ser interiorizado pelos que insistem em manter as metodologias do costume, é tempo de exigir mais democracia interna e maior abertura não só aos simpatizantes, que tanto se galvanizaram nas Primárias de 2014, mas também aos que descobrem na bem sucedida governação destes quatro meses e meio uma alternativa consistente à TINA “There is no alternative”), que lhes diziam incontornável…
A democratização interna do PS não se pode limitar à abertura a independentes a partir das cúpulas, porque as mudanças significativas e com garantias de sucesso futuro, têm de se concretizar da base da pirâmide para o seu topo.
Só assim se porá cobro à anunciada fatalidade do crepúsculo dos partidos socialistas ocidentais. Corbyn, Sanders e, a seu modo, António Costa já o descobriram. Que essa lição seja interiorizada pelos que os dizem apoiar, mas ainda não agem em conformidade com o Tempo Novo que todos eles anunciam.


Sem comentários:

Enviar um comentário