sábado, 9 de abril de 2016

Ainda sobre as bofetadas que ficaram por dar

Naturalmente que lamento a demissão de João Soares, não tanto pelo que imagino quais seriam as suas decisões políticas na pasta da Cultura, mas pela forma como não foi devidamente defendido pelos socialistas em geral.
Ao contrário da linha oficial timorata, eu defendo um PS que goste de malhar na direita e, que, quando com ele se metam, levem o troco pela certa. Não gostei particularmente de ouvir os elogios de António Costa aos dois poltrões, que se devem estar a rebolar de gozo por se terem sentido capazes de derrubar um ministro.
É esta sensação de pedir desculpas que António Costa acha asizada neste momento, quando a direita nunca teve pruridos em ser prepotente e indelicada nos anos em que o pode ser? Terá a noção de que, em vez da pose de estadista aventada por alguns, é a imagem de líder fraco que passa para o exterior?
A crítica estende-se ao próprio Bloco que, ainda há poucas semanas, também teve um recuo inaceitável a propósito do cartaz sobre os dois pais de Cristo! Nessa altura até Mariza e Louçã alinharam no coro da submissão ao politicamente correto na versão da direita bolorenta.
Estão António Costa e Catarina Martins convencidos que isto vai lá com delicadezas e sem umas boas bengaladas pelo meio? Não deem aos eleitores a sugestão de se sentirem firmes nas suas decisões, que vão ver como o lento trabalho de maledicência dos jornaleiros do costume lhes corroem as fundações em que assentaram o seu acordo parlamentar!
Basta olhar para os títulos dos principais jornais deste sábado para ver que os donos da comunicação social abriram a época de caça ao governo atacando-o por várias frentes desde a da Cultura à do Exército sem esquecer a TAP.  Foi só sentirem este momento de fraqueza e lá estão eles a exercitar o tiro ao alvo a ver se pega. E é nestas situações, que a resposta tem de ser a de cerrar fileiras e responder forte em vez de deixar cair quem foi dado como sendo o elo mais fraco.
O que se está a ver? António Costa deixou cair João Soares e, segundo os jornais, já surgem os generais a exigir a cabeça do ministro da Defesa.
O que se seguirá? Os taxistas a quererem pôr o Ministro do Ambiente na rua? Os suinicultores a voltarem à carga com Capoulas Santos? Os reitores a exigirem a saída de Centeno pela cativação de verbas às Universidades?
É uma chatice, mas os eleitores apreciam mais os que mostram força nas convicções do que esta atitude de pedir desculpa por dá cá aquela palha!
Quanto ao decrépito Seabra deu nesta sexta-feira mais uma prova da sua degenerescência mental ao elogiar no «Público» o assassinato perpetrado pela cavaquette dos pulinhos à ópera de John Adams apresentada no CCB. Uma vez mais ele revela bem que tipo de senhores agora preiteia. Porque para além dos assustadores pulos à frente da orquestra e de ter sido tão entusiasta apoiante do filho do gasolineiro de Boliqueime quanto promete sê-lo da transitória líder do CDS, a filha de Roberto Carneiro não tem atributos que a qualifiquem para manter a responsabilidade pela Orquestra do São Carlos que, em má hora, o escriturário da área da Cultura dos tempos de Passos Coelho lhe entregou Mas nessa altura alguém ouviu o Vasco ou o Augusto a insurgirem-se por uma nomeação apenas fundamentada no amiguismo e nas solidariedades ideológicas?
Quanto tempo mais terei de aguentar sem ouvir a Sinfónica para evitar o tormento de aturar tal criatura? E, pior ainda, quando ela dali sair, quais os danos que ficarão por reparar?

Sem comentários:

Enviar um comentário